Com amostra de 470 pessoas, ‘1902’ traz à tona repetição de ciclos e como as marcas devem ponderar reflexos na sua comunicação

Dados sempre foram essenciais para monitorar os comportamentos da sociedade. Eles contribuem para os recortes antropológicos que nutrem análises que desenham o futuro com as experiências e idiossincrasias do passado. No marketing e na publicidade não são diferentes. Pesquisar é preciso e as referências balizam respostas do cotidiano. Afinal, ciclos são revistos com perspectivas a aplicações diferentes.

Para dar início a pesquisa  ‘1902’, a Bloomers viajou em um túnel do tempo para encontrar coincidências. A empresa que, na própria definição, “é uma consultoria dedicada a criar futuros que mudam a história de marcas e negócios”, se inspirou no cenário do filme ‘Uncle Josh at the moving picture show’, de Edwin Porter, uma produção de 1902 que apresenta, na expressão da Bloomers, “seu personagem principal em um teatro de vaudeville assistindo três trechos de filmes cujas temáticas, projetadas agora em 2023, falam diretamente sobre nós”.

Quais? O papel das mulheres e o olhar masculino sobre o feminino na sociedade; os impactos deixados com avanços da tecnologia em nossas vidas hoje e no futuro; e a função das relações familiares em um período de mudanças históricas, marcadamente a pandemia, a guerra e os recursos digitais.

Ivan Scarpelli: “O filme antecipa uma série de situações que parecem comuns e associáveis ao cotidiano das pessoas no século 21” (Divulgação)

“Nosso entendimento é o de que os três temas endereçados pelo filme se tornaram, desde sua primeira exibição, universais - e ainda um reflexo de tempos passados que se reproduzem no presente e influenciam o amanhã”, destaca Ivan Scarpelli, CEO da Bloomers. “O objetivo foi demonstrar como temas de ontem mantêm influência sobre o hoje e o futuro, e como as marcas são críticas para o desenvolvimento da sociedade”, ressalta a empresa.

As respostas foram coletadas em uma amostra de 470 pessoas entre 16 e 50 anos em todo o Brasil. Na rubrica tecnologia, 41% acreditam que ela vai subtrair oportunidades  de postos de trabalho; 53% não descartam que avanços sejam propulsores de problemas mentais; e 33% creem que as marcas devem investir em tecnologias que aumentem o volume de emprego.

O Bloomers detectou que a refratabilidade às mulheres é tão recorrente como em 1902. Para 31% dos homens ouvidos 122 anos depois, o sexo feminino não deve ter uma carreira; para 40% não há futuro promissor para elas; e 86% afirmam que as marcas têm papel “muito importante”, e relevante, no desenvolvimento das mulheres.

Na área de família, 52% têm a compreensão de que ela só pode ser formada por pai, mãe e filhos; 69% entendem que as famílias possuem influência ou muita influência sobre suas vidas; e 45% observam que as marcas podem aprimorar relações familiares.

“O que é retratado no filme antecipa uma série de situações que nos parecem comuns e associáveis ao cotidiano das pessoas do século 21. Registrado há mais de 120 anos, ‘Uncle Josh at the moving picture show’ abre espaço no nosso presente para uma série de questionamentos que impactarão a criação de diferentes futuros para todos nós. Qual nosso verdadeiro papel diante de tantos desenvolvimentos tecnológicos? Estamos mais fragilizados? Quem dita e como são ditadas as regras nesse novo ambiente? Como reagimos? Por que tudo parece ser tão ameaçador? Como podemos agir para facilitar futuros menos desalentadores para as pessoas? Qual o papel das marcas nesse contexto?”, questionam os analistas da Bloomers.

No passado as situações polêmicas, porém, repercutiam entre as elites iniciadas. O poder de reverberação se concentrava nos jornais, rádios e no buzz, nas festas, praças e nos intervalos do dia a dia. A tecnologia avançou em um ritmo tão veloz que a multiplicação por segundo passa da casa do bilhão de interações  de posts em redes sociais, dependendo do assunto e dos influencers envolvidos.

Os canais são outros e a Bloomers testou sua credibilidade. O WhatsApp ficou em primeiro lugar, com 55% do share das marcas de tecnologia que as pessoas mais confiam. O Instagram vem em segundo, com 33%. O YouTube em terceiro, com 21%; A Amazon em quarto, com 18% e em quinto a plataforma Netflix, com 16%.
Há desconfiança no quartel de Abrantes. Quem deixa o público com a pulga atrás da orelha no ambiente tecnológico são, de acordo com a Bloomers: TikTok, com 40%; Tinder, com 33%; Facebook, com 28%; X (Twitter), com 27%; e Telegram, com 26%.

As marcas mais representativas na amostra da Bloomers para o desenvolvimento feminino foram a Natura, com 23%; Avon, com 14%; O Boticário, com 14%; Marisa, com 8%; Magalu, com 6%; Dove, com 6%; Unilever, com 4%; Renner, com 3%; e C&A, também com 3%.

“Para gestores de marca e líderes de negócio, o momento é de pensar se realmente suas estratégias de contato com as pessoas estão alinhadas com suas necessidades reais. Três dados adicionais confirmam essa perspectiva. Primeiro, 86% dos entrevistados reconhecem que as marcas têm papel importante ou muito importante para o futuro das mulheres”, detalha a Bloomers, que também aponta as marcas que dão liga com a família.