Autor do livro ‘Rethinking work', o futurista disse que cada vez mais o que importa são os skills dos profissionais e menos as horas trabalhadas
O futurista Rishad Tobaccowala, autor do livro ‘Rethinking work’ e destacado pela Business Week, Times e Ad Age pelo seu pioneirismo no campo da inovação, fez várias provocações em relação ao mercado de trabalho durante a sua conferência no South by Southwest (SXSW), nesta segunda-feira (10), em Austin, no Texas. Ele lembrou que um dos principais impactos da Covid não foi sobre de onde as pessoas trabalhavam e sim por que trabalhavam em determinado lugar. Para ele, não faz sentido as empresas chamarem os funcionários de volta aos escritórios físicos diante de tamanha transformação. “Agora as pessoas trabalham para finalmente poder viver”, disse ele.
Tobaccowala ressaltou que é um grande admirador da interação entre as pessoas, mas questionou até quanto realmente as companhias precisam disso. “A interação é importante, mas também depende do negócio em que você atua. Além disso, a maioria das empresas reduziu em até 20% o espaço físico das suas sedes, isso significa que os profissionais não terão onde sentar”, lembrou.
Pesquisas mostram que os profissionais estão dispostos a abrir mão de 15% a 17% dos seus salários para trabalharem remotamente, de qualquer lugar. “Muitas empresas estão com medo dessa transformação”.
O futurologista indica que o melhor caminho para enfrentar as transformações causadas no mercado de trabalho é investir em programas de mentoria. “Com as sessões de mentoria, você consegue reunir as pessoas e esse é um benefício de estar junto, mas de outro jeito as empresas não vão conseguir trazer os profissionais de volta ao trabalho presencial”.

Para ele, outro benefício de trabalhar de casa é escolher com qual inteligência artificial trabalhar, já que as empresas decidem qual IA os funcionários vão poder usar. “Eu certamente tenho uma IA melhor do que a PNG”. Segundo ele, tudo virou de cabeça para baixo, “o novo modelo de trabalho é totalmente revolucionário”, frisou.
Em função das tarefas que a IA vem fazendo no lugar da mão de obra humana, Tobaccowala lembrou que as companhias estão reduzindo seus quadros de colaboradores. Portanto, o futuro do trabalho será cada vez mais sobre os skills que os profissionais têm a oferecer e menos sobre a quantidade de horas trabalhadas. “E as companhias precisam treinar os seus times, caso contrário, não teremos pessoas qualificadas para competir no futuro”.
Existem riscos e oportunidades neste cenário, com os negócios se transformando, bem como o ambiente de trabalho. “Eu acredito que a maioria dos negócios vai se transformar e mudar o ambiente de trabalho”. Outra transformação é o conceito de liderança. “Eu acredito que todo mundo nesta sala em potencial para ser um líder. Mas um líder é diferente de um chefe. Se você passa a maior parte do seu tempo delegando, controlando, medindo e checando, fique com medo. Líderes são aqueles que influenciam, guiam e monitoram as pessoas”, ressaltou.
Em sua conclusão, ele sentenciou: muitos modelos de negócio como funcionam hoje não vão se sustentar daqui a três anos, a não ser que as empresas façam as mudanças necessárias. “O futuro às vezes significa que os competidores de hoje não necessariamente serão os seus concorrentes”, finalizou.