travellinglight/iStock

Desde minha infância eu sempre tive uma relação muito próxima à aviação graças ao meu pai. Quando pequeno, costumava pegar carona na “Muriçoca”, como era conhecido seu avião. O que era apenas uma admiração acabou tornando-se uma profissão. 

Com 17 anos e repleto de dúvidas de qual carreira seguir, o meu pai me orientou para tirar o brevet. No ano seguinte, tomei a decisão de me tornar piloto comercial, entrei no Aeroclube de São Paulo para ser instrutor de pilotagem básica.

E aos 20, ingressei na Transbrasil, como copiloto de Boeing 727 e mais tarde do 737-300. Seguindo carreira na aviação, aos 26 anos, já era comandante de Boeing, saindo da Transbrasil para pilotar na Vasp.

Atuando hoje na área de eventos, percebo que, consciente ou inconscientemente, aplico muitos dos meus aprendizados e inspirações deste período como piloto. Posso dizer, então, que minha memória afetiva, além de formar minha personalidade profissional, tem me guiado nestes 20 anos como profissional de live marketing.

“Nossa Nico, mas o que aviação tem a ver com eventos?”. As semelhanças entre as duas atividades podem parecer iguais, mas não é bem assim. Na aviação, assim como nos eventos, tudo deve ser muito bem pré-planejado e executado com zero de margem de erro. Se no “céu” temos as vidas de pessoas em nossas mãos, aqui em “solo” temos a reputação de uma marca/empresa envolvida, sendo também de nossa responsabilidade. É preciso um gerenciamento apurado, com muitos quesitos técnicos, operacionais e de serviços.

Em ambos os casos, a habilidade de lidar rapidamente e de forma assertiva, em um ambiente extremamente dinâmico, é fundamental! Como disse, não existe margem para erros nem na aviação e nem no “live” marketing.

Verificar todos os itens dos check lists e flows aplicáveis às várias fases de um voo é algo semelhante ao follow up, que hoje fazemos junto a toda cadeia envolvida na produção de um evento ou promoção.

Nos dois casos, os cuidados, o planejamento e a atenção aos detalhes são aspectos essenciais. E isso eu faço com exaustão, sendo conhecido em brincadeiras entre a minha equipe como “o CMTE, rei do double check”.

Sem dúvidas, você já deve ter voado, algumas vezes, e sabe bem que basta uma coisa não sair como o esperado para a companhia aérea cair no seu conceito e padrão de qualidade. E na área de eventos, cada vez mais, a experiência precisa ser única, segura e perfeita, para que as marcas não sejam questionadas pelos consumidores.

Para isso, é importante ter uma equipe bem treinada, alinhada e preparada para operar equipamentos de ponta. Além disso, é importante ser hábil em diferentes disciplinas para executar serviços com riqueza e beleza nos detalhes. Pilotar aeronaves mais complexas e fazer todo o gerenciamento do voo, e ainda proporcionar o serviço de bordo, realizar a limpeza, reabastecer e falar no rádio seria uma tarefa impossível e pouco segura. Colocando tudo e todas as pessoas, a bordo e em terra, diante de grande risco.

Como comandante de uma operação de eventos, de grande porte e alta complexidade, o organizador precisa conhecer a fundo todo o planejamento e os detalhes de produção, além de uma grande capacidade de gestão do que está sendo feito, sem falar a necessidade de orquestração de vários fornecedores e profissionais diferentes que devem estar igualmente focados em uma entrega com excelência. Como diz uma famosa empresa aérea, “sabemos que a escolha da companhia aérea é uma decisão do cliente”, venha voar com a gente.

Nico Prochaska é COO da Bem+ Comunicação