CMO da JBS participou do último dia do evento da Hands com executivos de marketing para discutir tendências do South by Southwest, em Austin

“O SXSW joga a gente para o futuro, sobre o que devemos fazer hoje para influenciar o futuro”. Com essa provocação, o CEO da Hands Ag, Marcelo Lenhard, deu início ao último dia dos painéis do TakeOff, evento promovido pela agência que reúne CMOs brasileiros na SP House, em Austin, para discutir as tendências faladas no South by Southwest (SXSW). No dia 27 de março, a Hands apresentará para o mercado 10 diretrizes estratégicas compiladas a partir do conteúdo do festival de inovação, em São Paulo.

CMO da JBS, Sérgio Valente polemizou ao afirmar que está todo mundo buscando aplausos e querendo pregar, mas que na verdade o SXSW é sobre disrupção. “Isso aqui é para disruptar, falar coisas diferentes. Mas tem um monte de pessoas falando a mesma coisa e esperando aplausos. Teve um palestrante que falou que o SXSW tem de retornar as raízes. Eu adorei".

O executivo também criticou quem vai ao festival para fazer networking. "Gente, vamos fazer relacionamento mais barato, estamos fazendo relacionamento em dólar. Isso aqui é um lugar para transformarmos o planeta. O mundo passou pela maior transformação contemporânea dos últimos dez anos nos últimos 12 meses. Mas existe um pensamento conservador no ar que, se não prestarmos atenção nos sinais, vai tudo voltar para trás. As mulheres vão voltar para casa, lavar roupa e louça. Isso incomoda, mas o mundo está pensando nisso”, ressaltou o publicitário.

Ana Gabriela Lopes, CMO do iFood, destacou que considera muito interessante que o SXSW traz uma massa de diferentes temas, mas que acabam se complementando. Para ela, o que mais se destacou foi a relação entre a conexão humana e a tecnologia. “Obviamente, estou vendo muita coisa sobre automação, hospitalidade, mas no final o que mais se tem falado é que as pessoas precisam se relacionar e como a IA vai ser um potencializador disso”.

Marcelo Lenhard, Ana Gabriela Lopes, Sérgio Valente, Camila Ribeiro e Camilo Barros

Camila Ribeiro, diretora de comunicação e marca da TIM, avaliou que um dos insights mais poderosos nesta edição do festival é a necessidade de olhar para fora da bolha do mercado, estudar coisas novas, como filosofia e sociologia, para entender as bases do mundo. “Achei estranho não ver nenhum conteúdo mais profundo sobre o Oriente, por exemplo. O palestrante da Deloitte falou muito sobre promiscuidade intelectual. O ponto é que precisamos ter mais conhecimento para adquirir pensamento crítico. Foi o que ele disse, aprendam, estudem e construam conexões”, enfatizou a executiva.

Líder do Institute for Tomorrow, Camilo Barros reforçou o ponto de vista de Valente, afirmando que o SXSW não acontece nos corredores dos auditórios. “A conversa está dentro das salas de conferências e temos que aprender a aplicar e a democratizar esse conteúdo. O termo desta edição é a epidemia da solidão, mas temos de dizer de onde veio. Ela começou nos anos pandêmicos. Os painelistas também tocaram muito no ponto de que os líderes de hoje não estão preparados para o futuro. Segunda-feira nós voltamos e qual é o agente de mudança que queremos ser?”, questionou ele.

Em sua conclusão, Valente - que tem longa carreira no mercado publicitário, com passagens pela DM9 e Globo - recomendou que os profissionais esqueçam a tecnologia e prestem atenção nas pessoas. “Prestem atenção para onde o mundo está indo. Também não sofra com as ondas negativas. Se temos uma epidemia da solidão, precisamos combater isso, ver de que forma vamos promover encontros mais gostosos entre as pessoas.”