Jornalista mobilizou as redes sociais com a hashtag #issoé50, que tem como objetivo quebrar o estereótipo imposto às mulheres 50+
Como você imagina uma mulher de 50 anos ou mais? Talvez como uma figura de uma mulher com cabelos acinzentados, sentada em uma cadeira fazendo o seu tricô ou até mesmo servindo a mesa, com um avental durante um almoço em família. O movimento #issoé50 nasceu para mostrar que essa visão está errada.
Silvia Ruiz é jornalista, autora da coluna 'Ageless', no UOL, influenciadora, por mais que tenha admitido não gostar do termo, e criadora do movimento que tomou conta das redes nas últimas semanas.
“Eu não tinha a intenção de virar uma influenciadora, mas acho que pelo fato de eu dividir a minha vida e a minha rotina com o envelhecimento, um monte de gente se identificou, começou a me seguir e eu criei uma comunidade em torno disso”, afirmou a jornalista.
Tudo começou quando a Globo lançou a chamada para o especial de 50 anos da Ivete Sangalo e logo nos primeiros segundos de vídeo, o narrador diz “a gente sabe que não parece, mas a nossa Veveta completa 50 anos”. “Não tem espanto algum a Ivete ser uma mulher de 50 anos que canta, dança, está ativa, bonita, se cuidando e super bem. Tem um monte de mulher assim, ela não é exceção”, afirmou Silvia.
Assim que a chamada foi ao ar, Silvia usou suas redes sociais para falar sobre o que é ser uma mulher de 50 anos, mostrando várias mulheres com essa idade junto com a hashtag #issoé50.
“Eu não imaginava, mas essa hashtag virou uma explosão em minutos. Nenhuma coisa viraliza se as pessoas não estão sentindo aquilo dentro delas. As mulheres de 45 anos, 50 anos não aguentam mais serem invisíveis”, ressaltou a jornalista.
Silvia também comentou sobre a relação da publicidade com as mulheres mais velhas e a forma como elas são retratadas e lembradas apenas nas campanhas de Dia das Mães, produtos para rugas e coisas do gênero.
“Cadê as mulheres na campanha de batom, na campanha de roupa, na campanha de banco, na campanha de carro? O público 50+ é um público gigante, consumidor e com muito mais dinheiro do que os millenials”, apontou Silvia.
De acordo com dados do IBGE, a silver economy, como é chamada a economia das pessoas 50+, movimenta R$ 1,8 trilhão por ano. A pesquisa também apontou que as pessoas com mais de 50 anos representam 25% da população brasileira, além de possuírem 56% mais renda que os millenials.
“As marcas precisam olhar para isso, eu quero ver na propaganda do banco que eu tenho uma pessoa da minha idade, na campanha do carro que eu dirijo”, completou a jornalista.
A procura das marcas
Com a repercussão do movimento #issoé50, Silvia revelou que seu telefone não parou de tocar. “As marcas me descobriram, viram que eu tenho um público, uma marca e uma comunidade em torno disso. Estou sendo cada vez mais procurada por elas”, afirmou.
A jornalista também apontou que, antes de chegar na marca dos 50 anos, nunca tinha reparado na falta de representatividade dessa parcela da população. “Essa é mais uma fronteira que a gente precisa quebrar. Não combater o etarismo, é não lutar pelo nosso próprio futuro porque todo mundo vai envelhecer”, completou Silvia.
Apesar da procura pelas empresas, Silvia ressaltou a importância de os consumidores ficarem atentos às campanhas que trazem a representatividade, para garantir que não passe apenas de um vídeo para a TV.
“Tem empresas que vão ser sérias e tem aquelas que vão fazer pelo hype. A gente precisa ficar atento como consumidor, como mídia, como a imprensa de cobrar e falar ‘tá bom, mas o que que você tá fazendo de real? Adorei a sua campanha, mas o que que a sua empresa está fazendo de verdade?’”, alertou Silvia.