Katharine Viner, editora geral do The Guardian, afirmou em editorial essa semana que o jornal finalmente conseguiu encontrar um modelo de negócios sustentável depois da queda no volume de publicidade. Viner agradeceu o apoio de mais de 200 mil membros associados, mais 185 mil assinantes e o restante que vêm comprando o jornal nas bancas de jornais “com maior frequência do que o esperado”.  

“Depois de dar feedback a inúmeros de leitores que se disseram dispostos a apoiar financeiramente o jornalismo do Guardian, também recebemos cerca de 160 mil contribuições espontâneas de várias partes do mundo”, escreveu a editora.

O modelo criado conta, portanto, a contribuição de membros/sócios, há os assinantes, os compradores do jornal em bancas e os colaboradores eventuais, que fazem contribuições financeiras pontuais. As doações podem ser, por exemplo, de 5 a 7 libras por mês.

“Você vem dando apoio financeiro crucial para garantir o jornalismo independente, e mostra o quanto valoriza a reportagem justa e factual baseada nos nossos valores progressistas e liberais. Isso é mais importante do que nunca”, declarou Katharine.

O jornal reafirmou suas crenças na tolerância, na igualdade e na capacidade das pessoas de mudar o mundo para melhor.

“Ao apoiar nossas crenças, nossos leitores significam muito mais para nós do que somente dinheiro”, escreveu a editora, que lembrou algumas coberturas recentes que, em sua visão, contribuiram positivamente para o debate global. Como a reportagem sobre os eleitores de Donald Trump que, por não acompanharem as notícias, acreditaram que o novo presidente teve uma primeira semana de trabalho tranquila e feliz. A reportagem se transformou numa grande série, intitulada “Can Trump really make America great again?”. O Brexit também está no centro das atenções do Guardian, com a colaboração de colunistas ilustres como Stephen Hawking. Uma série chamada “The New Arrivals” acompanha as vidas de refugiados que se instalam em diferentes partes da Europa, um projeto de 500 dias.

Depois de citar inúmeros projetos jornalísticos da publicação, Katharine diz que o plano é ter, em abril de 2019, 1 milhão de membros/associados.

“A situação da publicidade se mantém delicada, e no caso do Guardian caiu 11 milhões de libras no último ano. Para cada novo dólar gasto em publicidade nos EUA, 99 centavos vão para Facebook e Google. Mais pessoas lêem o Guardian do que nunca e nos parece importante que nosso jornalismo independente, investigativo e de interesse público tenha o maior alcance possível, mas menos pessoas estão pagando por ele. Por isso, obrigada pelo seu apoio ao jornalismo. E, por favor, conte para sua família e  amigos”, concluiu a editora.