Ryan Chen, criador do personagem Trump chinês, está na Conexão Ásia desta semana
Em tempos em que a atenção é um dos ativos mais disputados do marketing, o humor reafirma seu papel como linguagem universal capaz de atravessar fronteiras culturais e conectar pessoas e marcas. É assim que o chinês Ryan Chen, criador do personagem “Trump chinês” (@trumpbyryan), vem conquistando fãs ao redor do mundo, inclusive no Brasil, e chamando a atenção de marcas interessadas em transformar o riso em uma poderosa ferramenta de branding global. E se depender dele, as malas já estão prontas para conhecer os brasileiros e as marcas daqui de perto.
Como você teve a ideia de criar o personagem Trump chinês?
Isso aconteceu totalmente por acaso. Eu sempre me saí bem imitando vozes e expressões de outras pessoas. Um dia, eu tentei imitar o Trump e as pessoas adoraram. Aí eu me dei conta de que aquilo poderia ser mais do que apenas uma brincadeira. Poderia ser uma maneira divertida de conectar pessoas de diferentes culturas. É isso que me motiva.
Seus vídeos ganharam reverberação global. Como você percebe esse impacto?
É inacreditável! Pessoas de todo o mundo – dos Estados Unidos, Europa, América Latina – assistem e comentam. Isso mostra que o humor viaja mais rápido que a linguagem. E isso me faz lembrar que o riso conecta as pessoas mais do que a política jamais conseguiria.
Você trabalha com marketing. De que maneira sua experiência profissional ajudou no seu processo criativo digital?
Meu background em marketing ajuda muito. A gente aprende no marketing como conquistar a atenção das pessoas já nos primeiros segundos. Eu penso como um profissional de marketing, mas ajo como um comediante. Hoje é realmente um trabalho criativo em tempo integral e é bastante intenso, mas eu adoro.
Você estabeleceu alguma parceria com marcas por meio do personagem Trump chinês? Poderia dar algum exemplo?
Sim, a maioria é de marcas chinesas – empresas automotivas como Changan, NIO, Lynk & Co e também marcas 3C tech (informática, comunicação e eletrônica de consumo), como HONOR e OPPO. Todas querem algo divertido e criativo – nada político, apenas entretenimento. E é isso que faço: contar histórias que fazem as pessoas sorrirem.
Esse personagem abriu portas além do conteúdo digital, como em publicidade, campanhas ou outros projetos de mídia?
Ainda está em fase inicial. Já fiz alguns comerciais para marcas chinesas, mas nada oficial ou ligado ao governo. Tudo o que faço é independente, apenas projetos criativos. Estou explorando novas possibilidades, passo a passo.
Chongqing aparece com frequência em seus vídeos. Como surgiu essa relação?
Na verdade, não existe uma parceria formal. Nasci em Chongqing e moro aqui. Então, o que aparece nos meus vídeos é simplesmente minha vida cotidiana. Não é um plano; é o meu lar. Tenho muito orgulho da minha cidade e quero que pessoas do mundo todo vejam como ela é incrível.
O humor é uma força importante na construção de pontes culturais. Como você acredita que seu conteúdo contribui para redefinir a percepção ocidental sobre a China e os chineses?
Acho que o humor ajuda as pessoas a verem um lado mais caloroso e humano da China. Muitos só veem notícias sérias, mas, por meio do riso, veem a vida real, as pessoas reais. Se o meu conteúdo faz alguém sentir curiosidade pela China, isso já é um sucesso.
Como você equilibra sua carreira profissional com esse seu trabalho de criador de conteúdo e figura pública?
Eu normalmente trabalhava em tempo integral com marketing. Agora, atuo principalmente como consultor para minha antiga empresa. A maior parte da minha energia vai para a criação de conteúdo, o que, por si só, já é um grande trabalho. É muito trabalho, mas é a melhor parte dele.
Você teve um encontro com o jogador brasileiro Kaká. Chegou a desenvolver outras conexões culturais ou comerciais com o Brasil?
Kaká é incrível! Realmente uma pessoa gentil, humilde e muito popular na China. Foi um encontro muito divertido. Eu adoraria construir mais conexões culturais com o Brasil. Quem sabe, talvez trabalhar com criadores locais ou desenvolver projetos que misturem humor e cultura.
Você teria interesse em visitar o Brasil?
Sem dúvida, eu gostaria de visitar o Brasil. Eu ouço muito sobre o churrasco brasileiro, imagino que seja incrível! E os criadores brasileiros têm grande energia. Eu acredito que possamos fazer algo realmente global juntos.

Que conselho você daria a jovens criadores que queiram unir comédia, linguagem e marketing?
Descubra o seu ‘core advantage’, aquilo que o torna realmente diferente. Não perca tempo tentando corrigir fraquezas primeiro; construa a partir dos seus pontos fortes. As redes sociais recompensam a originalidade, não a perfeição. Quando seu conteúdo reflete sua paixão verdadeira, as pessoas sentem isso, e é assim que você cresce.
Como você equilibra paródia e respeito ao interpretar uma figura global tão controversa?
Não se trata de zombar. Não é sobre ofender ninguém. É apenas entretenimento. O que quero é que as pessoas riam e se sintam felizes. E quando recebo toda essa atenção, uso isso para mostrar meu país, minha cidade, minha cultura. Adoro compartilhar o que há de interessante ao meu redor. E sim, adoraria visitar outros lugares, e certamente o Brasil, para aprender mais e continuar espalhando alegria.
Do ponto de vista de branding, quais são seus planos para o futuro do personagem Trump chinês?
Para ser sincero, o nome ‘TrumpbyRyan’ surgiu espontaneamente, não foi nada formal. Ainda não o registrei, nem o transformei em uma marca. Talvez eu experimente novos personagens ou amplie para outros formatos de comédia no futuro. Mas, independentemente do que eu faça, meu objetivo continua o mesmo – fazer as pessoas rirem e compartilhar algo positivo.