Presidente norte-americano, no entanto, abriu exceções para alguns produtos, como aviões e sucos

Apesar das esperanças de que ainda pudesse recuar, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou o decreto que impõe uma tarifa de 40% sobre os produtos do Brasil, totalizando uma alíquota de 50%.

No decreto, Trump afirma que a medida é uma resposta a ações do Brasil que, de acordo com a Casa Branca, são uma "ameaça incomum e extraordinária" à segurança dos EUA.

A ordem declara uma nova emergência nacional com base na autoridade do presidente sob a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional de 1977 (IEEPA).

"O presidente Donald J. Trump assinou uma Ordem Executiva implementando uma tarifa adicional de 40% sobre o Brasil, elevando o valor total da tarifa para 50%, para lidar com políticas, práticas e ações recentes do governo brasileiro que constituem uma ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos", diz o comunicado da Casa Branca.

O governo dos EUA, no entanto, abriu exceções para alguns produtos, como aviões e equipamentos da Embraer, sucos e polpa de laranja, petróleo, ferro-gusa, castanhas, madeiras, celulose e diferentes tipos de carvão.

Café e a carne bovina foram os únicos produtos que ficaram de fora da lista de exceções.

Mídias sociais

No documento da Casa Branca, o governo Trump voltou a acusar o Brasil de limitar a atuação das plataformas digitais.

“Recentemente, membros do governo brasileiro tomaram medidas sem precedentes para coagir, de forma tirânica e arbitrária, empresas americanas a censurar discursos políticos, remover usuários de plataforma, entregar dados sensíveis de usuários americanos ou alterar suas políticas de moderação de conteúdo”, diz o comunicado.

O STF tem suspendido redes sociais ligadas à Trump. Em fevereiro deste ano, o ministro Alexandre de Moraes mandou suspender a Rumble, rede social da Trump Media & Tecnology Group (TMTG), dona também da Truth Social.

A companhia foi suspensa por não apresentar representante legal no Brasil, uma exigência da legislação nacional.

Comunicação será afetada?

Célio Ashcar Jr, sócio da AKM e presidente do conselho da Ampro, fala que o tarifaço de Donald Trump vai afetar todos os setores da economia do Brasil. "Alguns diretamente e outros indiretamente, como a comunicação", afirma.

Por isso, ele destaca que o papel da agência vai aumentar como parceiro estratégico. "Acredito que vamos ter um investimento em comunicação para aumentar o consumo interno como forma de diminuir o estrago das exportações”, afirma.

Já para Paulo Robilloti, professor de economia no curso de administração da ESPM e coordenador do Master em Foresight Estratégico na ESPM, vê com preocupação as consequências para setores específicos, como a metalurgia e o agronegócio.

"As empresas desses setores devem reduzir ou eliminar campanhas de branding e patrocínio, adiar lançamentos, e se concentrar apenas em ações com retorno direto e mensurável", conta. "Isso tende a atingir de forma mais intensa as emissoras de TV regional, veículos impressos, e até influenciadores locais contratados para ações com foco institucional", complementa.

Professor da Escola de Comunicação, Artes e Design da PUC-RS, Eduardo Pellanda lembra que, sempre diante de cenários complexos, o investimento publicitário é um dos primeiros a sentir.

Mas o especialista alerta para efeitos em um longo prazo, ao mesmo tempo em que deve haver um incremento forte no mercado interno.  

"As empresas podem reduzir a exportação, mas não quebrarão. Neste sentido, pode haver uma oportunidade de investimento de mídia para reforçar esta estratégia. Como sempre, crise gera problemas e oportunidades".

(Com informações da Agência Brasil)

(Crédito: Foto de Vladimir Solomianyi na Unsplash)