A crise do novo coronavírus pode fortalecer a atividade jornalística. Segundo o estudo Kantar Barometer, a busca do público pela atividade é tão alta que 11 das 20 maiores audiências televisivas dos últimos cinco anos foram registradas durante a crise da Covid-19. O estudo também aponta que 79% da audiência considera a TV o meio mais confiável para se obter informações sobre o novo coronavírus. Nas redes sociais, segundo o mesmo estudo, o gênero jornalismo é o que mais pauta conversas, perdendo apenas para reality shows, algo compreensível em tempos de BBB.

Leonardo Contrucci, diretor-executivo de mercado leitor & estratégias digitais do Estadão (Divulgação)

“Os acessos online têm crescido bastante nesse período. Se compararmos a primeira com a terceira semana de março, exatamente o ‘antes e depois’ do início desse crescimento, nossos acessos mais que dobraram. E isso traz reflexo também em nossas assinaturas”, revela Leonardo Contrucci, diretor-executivo de mercado leitor & estratégias digitais do Estadão.

Desde março, o periódico liberou para não assinantes uma série de conteúdos sobre o novo coronavírus. “A melhor forma de prevenção é estar bem informado. Siga o fio e veja as matérias que estão livres de paywall”, diz o periódico em post no Twitter. A Folha de S.Paulo e O Globo, entre outros, também liberaram conteúdo sobre o novo coronavírus.

O diretor Comercial e de Marketing dos Jornais RS do Grupo RBS, Marcelo Leite. (Foto: Jefferson Bernardes/ Agência Preview)

“Em um momento de notícias pulverizadas, de fake news, a mídia essencial ganha relevância e protagonismo entre o público. Durante a crise, o GaúchaZH está disponibilizando gratuitamente os conteúdos de utilidade pública sobre a pandemia. Em março, a plataforma atingiu 74,4 milhões de pageviews (o recorde anterior era 56,1 milhões, em jan/2019) e 30,1 milhões de usuários (recorde anterior era de 18,4 milhões, em mar/2019)”, revela Marcelo Leite, diretor-executivo de marketing do Grupo RBS. “É um momento desafiador para o jornalismo, mas, ao mesmo tempo, a atividade nunca foi tão imprescindível à sociedade”, completa o
executivo.

Outra potência do online é o UOL, que durante a crise bateu recordes. Em março, de acordo com o Google Analytics, o conteúdo produzido pela redação gerou 951 milhões de sessões, superando o recorde anterior, em outubro de 2018, mês das últimas eleições.

Antonio Guerrero, VP de jornalismo da Record TV (Divulgação)

O jornalismo televisivo não fica atrás e está crescendo. “O número de aparelhos ligados aumentou e, em grande parte, trata-se de um público que está em busca de informação. As pesquisas do Ibope mostram que alguns de nossos jornalísticos cresceram entre 10% e 30% no mês de março”, revela Antonio Guerrero, VP de jornalismo da Record TV.

O executivo afirma que o fortalecimento do jornalismo já é um fato. “Até poucos dias atrás, muitos ainda não haviam se conscientizado da gravidade de confiar em notícias sem qualquer origem comprovada. Então, num momento de crise, a população, e não só no Brasil, mas no mundo, percebeu a importância do jornalismo profissional”, comenta. “Vivemos uma situação limite em que notícias falsas podem significar vida ou morte, e isso trouxe, em meio ao caos, efeitos positivos: o fortalecimento do jornalismo e o reconhecimento do papel dos jornalistas na sociedade”, complementa.

As audiências de RBS TV também são destaque. “A grade jornalística da emissora foi ampliada. O Jornal do Almoço do dia 24 teve média de 588 mil de telespectadores por minuto e alcançou 920 mil pessoas na região, sendo uma das edições mais assistidas das últimas duas décadas. Além disso, no dia 23, o RBS Notícias registrou o seu melhor desempenho do ano. Os números de audiência alcançaram cerca de 750 mil telespectadores por minuto e alcance de 922 mil pessoas na região”, revela Leite.

Desde o início do avanço da doença no Brasil, tanto a TV Globo como a GloboNews mexeram em suas programações para trazer mais informação ao público que está em casa. “Informação relevante é, até o momento, o único remédio comprovado que ajuda a conter a expansão da pandemia”, afirma a comunicação da emissora.

Na TV aberta, o jornalismo fica 11 horas consecutivas ao vivo, de 4h da manhã às 3h da tarde. O canal lançou o programa Combate ao Coronavírus, com duas horas de duração, apresentado por Marcio Gomes. À noite, o Jornal Nacional teve a sua duração estendida. A GloboNews está com o sinal aberto nas principais operadoras de TV por assinatura e com sua programação ao vivo disponível, gratuitamente, no G1 e no Globosat Play.

Troca

Os veículos celebram a boa audiência, mas estão preocupados em dar algo em troca para o público.

Fred Müller, diretor-comercial e de marketing do SBT (Divulgação)

“Estamos usando nossa força de marca – incluindo aqui os nossos artistas, que estão produzindo diversos conteúdos direto de suas casas – para influenciar as pessoas com uma mensagem mais otimista, na medida do possível. Já há anos temos uma plataforma de marca ativa para embalar esses conteúdos de responsabilidade social, chamada SBT do Bem”, explica Fred Müller, diretor-comercial e de marketing da emissora.

Sua colega de empresa, Priscila Stoliar, gerente de marketing do canal de Silvio Santos, destacou as iniciativas de marca da emissora. “Começamos nossos esforços espalhando mensagens, na TV e em todas nossas plataformas digitais, de prevenção à Covid-19, usando a força de nossos comunicadores. Depois, separamos as cores da nossa marca, passando ao público a mensagem do isolamento seguro, com a #Distância Salva. Além disso, o SBT vem produzindo diariamente uma série de conteúdos informativos sobre a Covid-19 em todas nossas plataformas, como boletins e lives, contando também com a participação do casting da emissora, para reforçar a importância da adesão de todos à mudança de hábitos e ao isolamento social”, enumera.

Priscila Stoliar, gerente de marketing do canal de Silvio Santos (Divulgação)

Na Record TV, o foco dos programas foi praticamente todo direcionado ao tema. “Além das nossas 14 horas de jornalismo ao vivo por semana, alguns programas foram ampliados, como o Fala Brasil – Edição de Sábado, um matinal que ganhou mais duas horas, e ainda estreamos, em 19 de março, o Coronavírus – Plantão, exibido nas noites de quinta-feira”, explica Guerrero.

Já a Globo, vale destacar, cedeu computadores da área de inovação da empresa para a Universidade de Stanford, que realiza simulações computacionais para entender de que modo diversas doenças evoluem e quais os melhores caminhos para combatê-las.

A emissora também lançou a plataforma ParaQuemDoar.com. Nela, interessados em fazer uma doação poderão entrar em contato diretamente com a iniciativa que desejam ajudar.