Mãe d’água, obra de Uno de Oliveira, representa Iemanjá/Divulgação

No mês de janeiro passado, duas negociações envolvendo valores astronômicos chamaram a atenção no mundo digital e comprovaram o crescimento vertiginoso de uma novidade virtual: os NFTs. Em 23 de janeiro, na página Punks for sale no site Larva Labs, o CryptoPunk de número NFT 2890 – uma colagem digital com a imagem de 10 mil humanos e animais – foi vendido por 605 ETH (criptomoeda), o que equivaleu a 761,9 mil dólares. Poucos dias depois, outro CryptoPunk, o NFT 4156, alcançou 650 ETH, ou 1,24 milhão de dólares.

NFT é uma sigla para “Non-Fungible Token” (Token não-fungível). Um token não fungível representa algo único, criando o que os especialistas denominam de “escassez virtual”. Um NFT não é igual ao outro, tanto no valor como nas propriedades do próprio token. Cada token possui um hash digital – função que converte letras e números em uma frase criptográfica – que se distingue de todos os outros tokens de seu tipo. Essa característica permite que NFTs atuem como uma prova de origem para vender itens exclusivos com potencial de verificação, como obras de arte, músicas, domínios de sites e ativos digitais colecionáveis. Em breve, acredita-se que os NFTs vão abrir a porta para a digitalização de todos os direitos de propriedade intelectual e artística.

A novidade já chegou ao Brasil. Recentemente, a drag queen e cantora Pabllo Vittar anunciou, pelo Twitter, a entrada nesse mercado. Com cerca de 28,6 milhões de seguidores nas redes sociais, Vittar é a primeira drag queen a ser indicada ao Grammy Latino; foi figura principal da campanha global da Calvin Klein, #ProudInMyCalvins e é a primeira artista brasileira a emplacar três músicas simultâneas no Top 5 do Spotify Brasil e a primeira a emplacar um álbum completo no Top 40 da plataforma.

Pabllo Vittar: “NFT é mais uma porta que se abre para minha arte”

E a cantora transexual Urias (amiga de Vittar) lançará em breve, junto com o artista digital Uno de Oliveira, três obras de arte virtuais com certificação NFT e também edição única de uma música de sua autoria e desenho e animação de Uno.

“Meu trabalho com Cryptoart surgiu como uma forma de monetizar minhas artes digitais. Normalmente, os NFTs de Cryptoart são loops de animação com trilha sonora”, disse Uno de Oliveira.

Já Yan Hayashi, empresário de Pabllo e de Urias, afirma que entrar no mercado de NFT é um passo importante visando o futuro. “É tudo muito novo e são várias portas que se abrem quanto a mercados, formatos, dinâmica e valorização do artista e sua obra!”

“O NFT é mais uma porta que se abre para amplificar e ampliar a minha arte e fico muito feliz em começar a explorar esse novo ‘universo’! Tem sido uma experiência inovadora”, conta Pabllo Vittar.