Gabriela Onofre, da P&G: empresa tem 36% dos cargos de liderança ocupados por mulheresNão é novidade para ninguém que as mulheres têm conquistado cada vez mais espaço no mercado de trabalho e, nas grandes corporações, isso não é diferente. Não só elas têm ampliado presença como estão em cargos de liderança, antes ocupados apenas por homens. Segundo informações do site de empregos Catho, em algumas posições como a vice-presidência, por exemplo, a presença da mulher chegou a crescer 109,93%, de 2002 a 2015.

Nas seis principais instâncias de nível hierárquico, a presença de mulheres  vem crescendo. Além da vice-presidência, cargos de gerência também registraram um grande crescimento:  82,17%. Depois vem supervisor (76,79%), seguido de presidente (67,96%), diretor (47,94%) e encarregado (40,11%). São funções de grandes organizações de diversos segmentos que já contam com mulheres no comando.

A P&G, por exemplo, vem acompanhando esse crescimento. Atualmente, 36% dos cargos de lideranças são ocupados por mulheres. Segundo Gabriela Onofre, diretora de comunicação e marca da P&G, a mulher, se tiver as mesmas oportunidades que os homens, pode chegar aos mais altos cargos das companhias. “A P&G tem uma preocupação constante com o assunto e, por isso, possui uma política de diversidade muito estruturada. Desde o recrutamento, em que são selecionados no mínimo 50% de mulheres”. Além disso, de acordo com a executiva, a companhia oferece benefícios como extensão da licença-maternidade, possibilidade de home-office ou trabalho em meio período. “A companhia entende que as mudanças da vida pessoal da mulher acontecem na mesma época em que a carreira profissional está em crescimento, por isso, é preciso entender os momentos críticos na vida de uma profissional.”

Ela lembrou que se utilizou desse suporte da empresa para poder conciliar a carreira com o nascimento dos dois filhos. Gabriela disse que existe, sim, diferença de postura entre os  gêneros. “Acredito que as mulheres conseguem executar diversas atividades ao mesmo tempo e têm capacidade de organização e olhar de longo prazo.” Mas, de acordo com ela, o ideal numa companhia é um equilíbrio entre homens e mulheres, cada um com suas características mais eficientes e que se complementam.

Senso prático

Paula Nader, do Santander: "senso prático"Paula Nader, diretora de marca e marketing do Santander, por sua vez, disse que não gosta de generalizar, mas considera que algumas características femininas como senso prático e intuição combinam bem com cargos de liderança, assim como sensibilidade. Por outro lado, excesso de afetividade pode atrapalhar.

A executiva afirmou que ainda existem muito menos mulheres nas companhias, mas a situação é bem melhor do que há 20 anos, por exemplo. “Quando comecei, as mulheres se esforçavam para ter uma atitude mais masculina e uma aparência menos feminina, hoje a situação é diferente.”

Apesar dos avanços nos últimos anos, os salários ainda são uma questão que precisa ser mudada. De acordo com a última pesquisa salarial e de benefícios da Catho, ainda existe uma real diferença salarial por nível hierárquico.

O estudo indicou que, para o mesmo nível profissional, os homens estão ganhando 30,30% a mais, enquanto as mulheres, 4,21% a menos do que o registrado um ano antes.

O levantamento realizado contou com dados do Cadastro Catho e da Pesquisa Salarial, que traz informações de mais de sete milhões de profissionais e mais de 300 mil empresas nacionais e multinacionais. Já a pesquisa salarial é um levantamento feito a cada três meses,  que aponta o salário e benefícios dos trabalhadores brasileiros.