A corrida pelo 4G começou: oito meses antes do prazo dado pelo governo para o lançamento oficial da rede 4G, maio de 2013, operadoras de telefonia, fabricantes de celular e empresas de telecomunicação já se mobilizam para realizar testes com a tecnologia e para o lançamento de aparelhos que operem na frequência de alta velocidade.
Na semana passada, a Motorola Mobility apresentou o primeiro smartphone de quarta geração do país, o Radzr HD, fabricado em Jaguariúna (SP). Durante o lançamento em São Paulo, a empresa fez a primeira chamada de vídeo utilizando uma rede 4G para as cidades de Campos do Jordão (SP) e Brasília (DF). A conexão utilizada foi a da Claro, que já realiza experimentos em quatro cidades brasileiras.
Números divulgados pela Motorola apontam que há 30 milhões de usuários de 4G hoje em todo o mundo e a previsão é que sejam 654 milhões em 2016. “Velocidade é uma das nossas grandes apostas. Pesquisas internas mostram que os usuários 4G usam dez vezes mais dados e verificam o smartphone duas vezes mais por dia”, afirmou Sergio Buniac, vice-presidente da Motorola Mobility Brasil. Com o lançamento, a companhia acredita que sua trajetória irá mudar no país, um dos três mercados estratégicos para o desenvolvimento da empresa. “É sabido que o Brasil é um dos mercados-foco da Motorola. Vemos o país como uma grande oportunidade”, reforçou. O smartphone chega às lojas das operadoras Oi, TIM, Vivo e Claro.
As quatro empresas, além da Sky, são as vencedoras do leilão da Anatel finalizado em junho, para operarem a telefonia móvel de quarta geração e de banda larga na área rural. Juntas, elas desembolsaram R$ 2,93 bilhões pelas concessões. O celular irá custar R$ 1.999,00 no pré-pago e R$ 999,00 no plano Smartphone Ilimitado 400 da Claro. A empresa não divulgou os preços que serão praticados pelas outras operadoras. Enquanto a rede 4G não é disponibilizada, o aparelho poderá ser usado em áreas de cobertura 3,5G, 3G e 2G.
Outras fabricantes
Também na semana passada a Apple fez o tão aguardado anúncio do iPhone 5, que tem capacidade para operar na frequência de alta velocidade. A previsão é que o aparelho chegue ao país em dezembro, mas ainda não há informações sobre preços que serão praticados.
As fabricantes Samsung e Nokia, que recentemente apresentaram lançamentos, ainda não têm previsão para trazer seus smartphones Galaxy S III e Lumia 900, que nos Estados Unidos operam com a conexão de alta velocidade. “Depende das operadoras estarem prontas”, afirmou a Nokia por meio de sua assessoria de imprensa. A Samsung disse não ter informações sobre os aparelhos de quarta geração no Brasil.
Desenvolvimento
Não apenas fabricantes e operadoras se movimentam, mas também empresas do setor de telecomunicações preparam-se para atender a demanda futura do 4G. No próximo mês, a Nokia Siemens Network, braço de telecomunicações da Nokia, começa a produzir no Brasil estações de rádio-base para redes móveis de quarta geração, em parceria com a Flextronics.
A companhia, joint venture entre Siemens e Nokia, já atende as principais operadoras para as redes 2G e 3G no Brasil e mira 35% de participação de mercado no fornecimento da tecnologia LTE (Long Term Evolution), utilizada no país para o 4G. Esse já é o seu share atual.
O objetivo com a produção local é atender mais rapidamente a demanda das operadoras, explica Abdallh Harati, diretor de marketing e de relações institucionais da empresa. “Há períodos fixados pelo governo para que a cobertura de 4G seja implantada. Com a produção local, a entrega é muito mais rápida. Isso irá impactar diretamente no mercado de smartphones”, afirma.
A companhia já tem um contrato firmado no país para fornecer estações de rádio-base, mas não revela a operadora parceira. Recentemente ela fechou com a Oi para aprimorar a rede móvel da operadora nas regiões e Nordeste e Sudeste. No final de 2011 ela já havia feito parceria com a Sky para a implantação de rede 4G. Outro foco da companhia é oferecer às operadoras serviço de manuseio da experiência do usuário, que podem ajudar no processo de venda de planos de dados e de voz.
Além da Nokia Siemens, disputam o mercado a sueca Ericsson e a chinesa Huawei. As duas últimas são as parceiras da Claro para a tecnologia LTE, afirmou a operadora mexicana na última semana. Vivo e Tim não comentam ainda os fornecedores parceiros.
A previsão do governo é que seis capitais tenham a conexão de alta velocidade em maio do ano que vem, quando acontece no Brasil a Copa das Confederações. Para dezembro de 2013, a expectativa é que as 12 capitais que receberão os jogos da Copa do Mundo já operem com o 4G. Junho de 2014 é o prazo máximo para que todas as cidades acima de 500 mil habitantes tenham disponíveis a rede de alta velocidade.