André Torreta, sócio-diretor de A Ponte Estratégia, começou a sua palestra no Branding at ABA, encontro realizado pela Associação Brasileira de Anunciantes e que acontece nesta terça-feira (25) em São Paulo, afirmando que a crise não afetou muito a classe C. “A classe C não empobreceu com a crise”, disse o especialista em mercados emergentes. Intitulada “A segunda geração da nova classe média brasileira”, a explanação de Torreta relembrou a ascensão social de milhões de pessoas, que aconteceu no início da década passada.
De acordo com ele, houve uma grande mudança social no país. “Antes, por exemplo, a mulher trabalhava dentro de casa e tinha apenas opinião. Hoje, é diferente: ela trabalha fora de casa, tem dinheiro e opinião, tem decisão de compra”, afirmou. O movimento ostentação, que vem ganhando força no Brasil, é, para Torreta, uma forma de inclusão. “Esse é um movimento que nasceu em Santos e é uma forma de inclusão, de mostrar que aqueles que não tinham condições financeiras, hoje, têm”, contou. “É o resgate da autoestima”, completou.
Em relação às marcas, o especialista revelou outra mudança em tempos de crise. “Há alguns anos, as marcas bastavam apenas colocar o seu produto na prateleira do supermercado. Hoje não. Hoje é preciso ir atrás do consumidor”, disse. Um erro das marcas, pelo menos para Torreta, é planejar a venda apenas por unidade. “O correto seria planejar essa venda para milhões, vender na favela, em alguns casos, é melhor do que vender para poucas pessoas em um bairro nobre, por exemplo”, enfatizou.
2015
André Torreta apresentou também alguns dados sobre o mercado para este ano. De acordo com ele, 114 milhões de brasileiros da classe C devem movimentar R$ 1,35 trilhão em 2015. “Essa geração da classe média é mais otimista: eles veem a melhora da renda, melhora no consumo, estabilidade no emprego, melhora na vida, principalmente quando comparam à vida dos seus pais”, disse.
O empoderamento, contou Torreta, fez com que a classe média tivesse orgulho de falar o lugar onde nasceu. “A Rede Globo está com uma novela que se passa numa comunidade, a ‘I love Paraisópolis’”, afirmou. “Antes, até então, as novelas se passavam basicamente no Leblon e em outros bairros nobres”, complementou.
Outra crítica de Torreta foi em relação à propaganda. “Não somos um país de muitas campanhas que utilizam loiros e loiras em seus comerciais, somos um Brasil de negros e mulatos”, afirmou. “Como marqueteiros, devemos esquecer o preconceito”, finalizou.
Abertura
Mais cedo, Sandra Martinelli, presidente-executiva da ABA, deu boas-vindas aos participantes. Ela reforçou o tema do encontro. “Nosso objetivo aqui hoje é desmistificar a marca, criar, romper e transformar”, falou a executiva.