Com o intuito de entender quais serão as tendências da economia, política, tecnologia e sociedade, a Editora Abril realizou, nesta segunda-feira (05), no Instituto Tomie Otake, em São Paulo, o terceiro e último encontro para debater algumas das transformações que vivemos e como se preparar para elas.
Com o tema “A revolução do novo”, o evento realizado pelas revistas Veja e Exame, em parceria com a Coca-Cola, teve a missão de discursar sobre o impacto digital na sociedade, a evolução e o futuro dos valores éticos no mundo, a desigualdade e a sociedade que desejamos, a polarização de opiniões no mundo atual, e a nova onda nacionalista e a antipolítica.
“Discutir o futuro é fundamental. Não apenas o nosso dia-a-dia, nosso cotidiano, mas as grandes questões que nos cercam. Refletir sobre o Brasil, seu futuro e, principalmente, o que nos reserva este novo país que está nascendo a partir de tudo que estamos atravessando”, afirma Walter Longo, presidente do Grupo Abril.
“O mundo anda polarizado, e a gente anda com muito ponto de vista e pouco espaço para debater pontos de vista. A marca celebra 75 anos no Brasil e, em vez de fazer festa, o mundo está precisando de conversa, então, escolhemos celebrar com diálogo para reforçar a nossa crença e convicção. O valor do diálogo é muito importante”, revelou Claudia Lorenzo, vice-presidente de relações corporativas da Coca-Cola Brasil.
Com imagens da série de ficção científica Black Mirror, da Netflix, o encontro iniciou com o painel Trilema Digital, apresentado por Walter Longo, e que trouxe alertas sobre alguns desafios que estão à nossa frente. Segundo Longo, três grandes tendências estão preocupando cientistas sociais e tirando o sono de empresários e executivos: Exteligência (não há mais necessidade de decorar nada, temos tudo no celular e não há criatividade ou geração de insights), Tribalismo (só fazemos o que queremos e só seguimos aqueles que possuem as mesmas opiniões que a gente. assistimos ao fim do contraditório e da opinião) e Compartilhamento (vivemos o momento em que é bacana compartilhar o carro, casa, roupas, etc, mas isto terá consequências para o modelo econômico atual).
“Na verdade, se nós quisermos continuar usufruindo do capitalismo, vamos precisar ser, cada vez mais criativos, e para isto, usar mais o nosso cérebro para gerar cada mais sintaxe e armazenar cada vez mais informação nas nossas cabeças. A criação do medo é o vírus da inovação. É preocupado com o assunto que a gente resolve aquele assunto, e a tecnologia é a nossa grande aliada na superação dos problemas. Questionar ou alertar, não é condenar, e sim, colaborar com o avanço”, finalizou Longo.
Na sequência, o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Luis Roberto Barroso, falou sobre a evolução e o futuro dos valores éticos no Brasil e no mundo. “Vivemos um período de grande desprestígio da democracia representativa em todo o mundo. E a sociedade reage com um pouco de desprezo e indiferença, o que é muito ruim, pois política é gênero de primeira necessidade”, reforça Barroso.
Para o ministro, os valores fundamentais para o futuro continuam sendo os mesmos e revela que vivemos no epicentro da nova revolução do conhecimento. “Com o poder das redes sociais, vamos enfrentar as circunstâncias de uma informação que circula muitas vezes sem a intermediação da imprensa, sendo presa fácil dessa pós-verdade sem filtro”, conclui Barroso.
Questionado sobre qual o papel do Brasil no futuro, e se o país tem um projeto civilizatório para o século XXI, Barroso diz que o país precisa redescobrir uma nova narrativa, mas que estamos sem bússola e com falta grandes pensadores. O encontro finalizou debatendo a desigualdade social e a nova onda nacionalista e anti-política que afetam o país.