A voz tem ganhado cada vez mais espaço, quando se trata de inovação humana. Isso porque a forma como fazemos uso da tecnologia social sofreu mudanças com distanciamento social, devido ao risco de contágio do coronavírus. A palavra falada oferece possibilidades a partir do nosso movimento de reconexão, além de proporcionar uma experiência não-tátil – o comando de voz.
E vale lembrar que não é a primeira e não vai ser a última vez que a gente atravessa uma transformação da entonação humana. Em 2009, surgiu um app que alavancou um verdadeiro boom na comunicação móvel: o WhatsApp representa um marco na história da humanidade para trocas rápidas ou nem tanto assim, por texto e,é claro, por voz. E agora, em diferentes velocidades.
Em 2011 a primeira assistente de voz nasceu nos Estados Unidos: a Siri – idealizada pela Apple – ela foi adaptada na língua portuguesa para hiperconectar e facilitar a vida de muita gente em 2015.
A partir de então, gigantes como a Amazon e o Google abriram diálogos através da inteligência artificial com seus próprios smart speakers. Mas a nossa história com a voz é bem antiga: a oralidade é uma das principais ferramentas para se manter culturas vivas, para ensinar e também, aprender.
O aprendizado humano é norteado pela voz, desde nossos primeiros momentos na Terra e até antes disso. Tanto é que os bebês são capazes de reconhecer a voz materna a partir da 24ª semana de gestação. A gente fala mais rápido do que digita, e ouvir ainda é muito mais confortável e acessível – quando pensamos também em Pessoas com Deficiência (PcDs). Assim, o recurso de voz tem ganhado protagonismo pelos efeitos emocionais do isolamento social.
No máximo volume:
91% das marcas e empresas a nível mundial estão fazendo investimentos significativos em tecnologias sonoras.
- 8 bilhões é o número estimado de assistentes pessoais de voz no mundo até 2023.
- A precisão da busca por voz no Google é de 95%.
- E a assistente de voz Alexa é capaz de responder a mais de 100 mil comandos.
- 15 bilhões de horas de conteúdo é a estimativa de produção dos podcasts ao redor do mundo, até o fim de 2021.
A partir de agora, as marcas têm entendido a necessidade de humanizar suas mensagens e fazê-las serem ouvidas a partir da potência modular dos graves do storytelling na caminhada irreversível da digitalização do consumo.
Ou seja, a fórmula de ouro de um engajamento expressivo precisa ser vociferada, uma vez que redes sociais como o Twitter e o Facebook já têm em suas interfaces alguns recursos responsivos de áudio, motivados pela provocativa rede Clubhouse, lembra? Já o giganteTikTok revolucionou as linhas da expressão sonora, através do humor das dublagens e da lógica dos challenges. Agora, a expressão de um creator pode impactar milhões de pessoas, mesmo que a voz não seja dele, mas também.
Afinal, nossa voz é a nossa identidade, mas também o que nos conduz. Apps imersivos norteados pela voz como o Discord, também ganharam popularidade – principalmente entre a comunidade gamer jovem –, uma vez que partem da formação de uma comunidade sonora para proporcionar interação.
Do smartphone ao whisky: como a voz tem ecoado no mercado fygital?
Assim como em outras inteligências artificiais, o desenvolvimento da IA de voz só é possível porque, em primeiro lugar, ela ouve. Essa tecnologia é chamada de speech analytics e, para que ela funcione, um conversor analógico-digital compreende as nuances da voz e as transforma em dados digitais.
E os alto-falantes com comando de voz têm um lugar favorito em casa, com as pessoas valorizando mais produtos e serviços que têm assistência de voz: 54% das brasileiras e brasileiros entendem a importância da funcionalidade*. *Ilumeo, 2020.
Além de facilitar a experiência humana no e-commerce, a voz é um dos recursos mais importantes quando se trata de suporte ou logística quando analisamos o processo de compra, mas também de aproximação por meio da experiência. Uma das novas e possíveis funcionalidades da Alexa, norteada pela marca de removedores Tide, da P&G, é o manual de instrução sonoro para você limpar 200 tipos de manchas. A Johnnie Walker também desenvolveu conteúdo sonoro em um feat. com a Alexa. E a partir de preferências pessoais, oferece sugestões de produtos, além de contar um pouco mais sobre a história da bebida destilada e até participar de uma degustação guiada de whisky.
A voz tem representado nas esferas da inovação humana uma gama de possibilidades para além da customização do consumo, uma vez que a tecnologia social ou ferramenta é a base para a construção de toda e qualquer comunidade cultural. E a semente da sua potência está em saber falar, mas também, em ouvir e integrar.
Kika Brandão, Estúdio Eixo, empresa da B&Partners.co