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O Brasil enfrenta a pior crise dos últimos 50 anos, essencialmente de natureza política. A economia do país está em recessão e, infelizmente, não há perspectiva de melhora deste cenário para 2016. Retração de investimentos, queda da produção industrial, aumento da inflação e crescimento do desemprego trazem reflexos negativos para toda a sociedade. É um momento de cautela, mas também um tempo de reação. O principal desafio que todos os empresários enfrentam é de continuar a produzir, mesmo na adversidade, pois a crise não dá sinais de arrefecimento. Precisamos acreditar, trabalhar e seguir confiantes, em busca de um país melhor.

O país não sai do impasse porque simplesmente não consegue avançar na trilha das mudanças políticas. Em consequência, vive permanentemente dentro de um ciclo de precária governabilidade, agravado pela tensão entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, e também pelas enormes carências sociais e pela grandeza territorial, com suas marcantes diferenças socioeconômicas e culturais.

A questão se coloca: como cortar o nó que mantém o país em uma situação de inércia? Que reformas se fazem necessárias para promover a dinâmica do país? As indicações para se obter um estágio de modernização, de maneira quase consensual, apontam para as necessidades de mudanças na estrutura do Estado, entre elas a redefinição de atribuições e melhor divisão de competências entre os Três Poderes; do sistema político-eleitoral; do sistema tributário-fiscal e da Previdência, reformas consideradas prioritárias para o redimensionamento do perfil institucional do país, aperfeiçoamento do sistema político e formação de uma burocracia voltada para a eficácia.

Essas reformas definirão novos padrões de organização social e produtiva. No entanto, por mais bem feitas e planejadas, não conseguirão gerar resultados suficientes para alterar, de modo profundo, a fisionomia cultural do país. O Brasil só avançará quando a reforma fundamental, a mãe de todas as reformas, conseguir contemplar a base da sociedade. E que reforma é esta? A reforma educacional, começando com a educação básica. Vamos aos fatos: a escola pública está deteriorada; milhões de brasileiros permanecem fora do sistema educacional; medidas como as de combate à fome e à miséria integram-se a uma visão meramente assistencialista e têm seus méritos, no curto prazo, para minorar o desespero que se alastra em algumas regiões, mas não ajudam os carentes a sair do seu estado.

Precisamos combater a crise pela raiz. A grande revolução que o Brasil precisa empreender é na esfera do conhecimento e da educação. Só assim o país poderá começar a diminuir o abismo social que envergonha a nação.

João Doria é jornalista, presidente do Grupo Doria e pré-candidato à Prefeitura de São Paulo