Já não é de hoje que o mercado de marketing e comunicação vem assustando os mais fracos.
Num processo de seleção natural, catalisado pela crise econômica dos últimos anos e potencializado pela discussão de novos modelos e estratégias, os que permanecem à frente dos departamentos de marketing e dos prestadores de serviços são aqueles que descobriram uma forma de sobreviver num novo normal, que é caracterizado por uma sequência sem fim de desafios.
O desafio da vez é um vírus que parece ter sido gerado num roteiro de filme-catástrofe. E, mais uma vez, os mais suscetíveis ficam sem rumo, apregoando o fim do mundo, enquanto os mais serenos e fortes analisam as possibilidades alternativas em meio ao quase caos.
A situação é preocupante, de verdade. Mas a decisão de correr para trás da sua mesa e ficar quietinho até que a crise passe é desastrosa, principalmente para o setor conhecido por MICE (Meetings, Incentive, Conferences, Exhibitions).
É até compreensível o cancelamento de eventos internacionais, que reúnem muitos estrangeiros, tornando o controle muito complexo.
Mas será que, no ambiente do nosso país, é justificável o cancelamento de atividades que reúnem dezenas ou centenas de pessoas num espaço?
Nós, brasileiros, deveríamos ter maior resistência a essas crises cíclicas. Os mais velhos já viveram o Plano Real, com confisco de moeda, deixando um dinheiro irrisório na conta das pessoas e empresas. Já viveram inflação de 50% ao mês!
Já experimentaram impeachments e ondas de corrupção generalizada. Na área da saúde, tem a dengue (que já matou mais de 30 pessoas somente este ano), tem zika e até o sarampo voltou a preocupar.
No campo da economia, temos o Brasil patinando, com dificuldade para começar a apresentar uma retomada de crescimento consistente.
Além da demora para a condução das reformas tão importantes para colocar o país nos trilhos. Há ainda turbulências políticas de tempos em tempos. Ou seja, não faltam motivos para preocupação.
Nunca a resiliência foi um skill tão importante. E a coragem também.
A coragem de tocar os negócios mesmo em condições tão adversas. A coragem de fazer, quando muitos preferem se escorar na proteção da versão dos alarmistas e parar tudo.
Um dos maiores especialistas em infectologia no Brasil, com quem tenho tido a oportunidade de interagir, reafirma que não há recomendação de cancelamento de eventos por parte do Ministério da Saúde, que surpreendentemente vem conduzindo o assunto com serenidade e eficiência.
Há segurança absoluta de que nada vai acontecer? Claro que não! Esse médico comentou comigo que um diretor de grande empresa perguntou se ele assinaria uma recomendação, garantindo que não haveria contaminação entre os participantes de um evento da corporação. É claro que ele não fará tal documento.
O risco existe e sempre existiu. Ninguém pode garantir que todos os participantes de eventos estarão livres de qualquer doença ou ameaça de contaminação. É claro também que não dá pra relaxar e acreditar que nada vai acontecer.
Medidas preventivas, principalmente aquelas de higiene, devem se adotadas. E é aí que deve aparecer a tal da coragem para pontuar nossas atitudes.
A famosa frase “Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças”, atribuída a Charles Darwin, mas que foi cunhada pelo professor americano Leon Megginson, ao se referir à obra Origem das Espécies, de Darwin, nunca foi tão verdadeira.
Embora seja contraditória com o título deste artigo, entendamos “ser forte” como ter a coragem para enfrentar as adversidades e ser flexível para de adaptar a elas. O que não podemos é parar!
Alexis Thuller Pagliarini é presidente-executivo da Ampro (Associação de Marketing Promocional) (alexis@ampro.com.br)