A IBM será a próxima Kodak? É a pergunta que muitos se fazem hoje. Patologia: privilegiou a terra, ignorou as nuvens… Mas esse é um comentário para outro dia. Se há 25 anos alguém dissesse para você que a inventora do negócio de fotografias, das câmeras analógicas e das câmeras digitais estava prestes a quebrar, certamente muitos diriam, “conta outra”, ou, “fala sério…”. Um dia os amigos sugeriram a George, contínuo de um banco em Rochester, Estados Unidos, que pretendia tirar umas férias, no ano de 1878, que registrasse os melhores momentos fotografando. Fotografar naquele ano era comprar uma máquina descomunal, um tripé gigantesco, portas-chapas, tanques de vidro… Em vez de seguir com a ideia das férias, George decidiu mergulhar de cabeça no negócio de fotografias.
Em menos de dois anos, conseguiu simplificar todo o processo. Em 1884, criou o filme de rolo, e lançou sua pequena preciosidade, a máquina fotográfica. Ele, George Eastman. Depois foi atrás de alguma palavra de grande sonoridade e maior memorização, que começasse com K… Kodak! Você aperta o botão, a gente faz o resto, o primeiro slogan. Há exatos 24 anos, 1996, a Kodak reluzia e dominava. 140 mil funcionários, valor de mercado de US$ 28 bilhões. Um certo dia, numa pequena sala da empresa, 1973, pediram ao engenheiro elétrico Steven Sasson que trabalhasse num projeto novo de tirar fotografia; incorporasse os novos recursos da tecnologia e da eletrônica. Dois anos depois Sasson deu a missão por realizada e apresentou à Kodak a primeira câmara digital do mundo. Do tamanho de um rádio de cabeceira, quatro quilos, tirando até 30 imagens digitais em preto e branco com resolução de 0,01 megapixel… Aí marcou-se uma reunião para apresentar o produto aos executivos da empresa. Esperava perguntas do tipo, Como fez? Como funciona? Qual a capacidade?… Mas tudo o que perguntaram foi: “por que você acredita que as pessoas vão querer ver fotos numa tela…?”. E a Kodak continuou crescendo e próspera… Deu de ombros a sua invenção para não prejudicar seu bilionário negócio de câmeras, produtos químicos, revelação, papel fotográfico, cópias… Em janeiro de 2012, a Kodak ingressa com um pedido de concordata nos Estados Unidos. Não conseguira dinheiro suficiente para tentar uma recuperação judicial de longo prazo… Em verdade, a Kodak morreu três vezes. A primeira, quando recusou-se a levar adiante a própria descoberta. Deveria ter se antecipado a seus futuros concorrentes e, antes que eles atacassem seu quase monopólio, deveria ela mesmo ter feito. Morreu a segunda vez quando os fabricantes de máquinas fotográficas migraram para as máquinas digitais, e ainda trazendo junto outros fabricantes de eletrônicos como uma Sony. E morreu pela terceira vez e definitivamente quando o tirar fotos passou a ser um dos features, dentre dezenas de outros, do canivete suíço do século 21, o smartphone. Um canivete suíço diferente do original, que passa toda a vida guardado dentro de gavetas, um canivete suíço smartphone que passa a maior parte do tempo ligado, no bolso, bolsa ou nas mãos das pessoas.
No livro Abundância: O futuro é melhor do que você imagina, Peter Diamandis e Steve Kotler apresentam, talvez, um dos melhores exemplos do derretimento dos preços de produtos e serviços de diferentes procedências. Monetizaram, a preços da época de seus lançamentos, uma série de features que os smartphones entregavam a seus compradores. Naquele momento, início da década, dos 2010, um smartphone de ponta trazia uma série de aplicativos que, 20 a 30 anos antes, se comprados isoladamente, custavam, no total, US$ 902.809!!! Num smartphone de US$ 2 mil, quase US$ 1 milhão em features… Se alguém ainda tem alguma dúvida sobre a Sociedade de Custo Marginal Zero, sobre a Lei de Moore, e o derretimento do preços… A propósito, alguns dias depois do pedido de concordata da Kodak, o Facebook comprava o Instagram com poucos meses de vida e 13 funcionários por US$ 1 bi… Agora comentam que a IBM vai ser a próxima; será? Começo a desconfiar que sim…
Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing (famadia@madiamm.com.br)