Gabriela Onofre, CEO, reflete sobre os bons resultados da holding, que revisou o crescimento orgânico para 5,5% em 2025

Desde que assumiu o comando do Publicis Groupe Brasil, Gabriela Onofre conduz um processo de integração que consolida o modelo ‘Power of one’ no país.

O conceito, que propõe a eliminação de barreiras entre especialidades e a união das agências sob um mesmo ecossistema de dados, tecnologia e criatividade, ganhou força com movimentos estruturais como a compra da BR Media Group, a criação da Publicis Edge, os lançamentos do TikTok Hub e da Publicis Production.

Com guidance global em alta e resultados expressivos na América Latina, o grupo investe na sinergia entre dados, storytelling e performance para impulsionar campanhas e negócios.

Na entrevista a seguir, a executiva detalha os avanços da operação brasileira, o papel das novas unidades e os rumos da holding até 2026.

O modelo ‘Power of one’ foi criado para eliminar barreiras entre as especialidades do grupo. Quais mudanças estruturais você implementou desde que assumiu o cargo para acelerar essa integração?

O modelo permite que nossos clientes encontrem no Grupo Publicis todas as soluções de comunicação de que precisam. Para que ele ocorresse em sua plenitude no Brasil, fizemos um trabalho de análise profunda das capabilities que precisávamos ter dentro de casa e quais precisavam ser aprimoradas ou reorganizadas. O pensamento que nos guiou nesse processo foi o de colocar tudo o que era escalável — criando um verdadeiro hub de dados, tecnologia, comercialização de mídia e produção para fortalecer aquilo que cada agência tem de único, que é a criatividade, a estratégia e o pensamento de negócio conectado diretamente ao business dos clientes. Nesse processo, entendemos também que as marcas demandam cada vez mais um marketing de influência refinado, que esteja presente desde o início do processo de criação. Por isso, fizemos uma parceria com a BR Media, que depois acabou levando à compra da empresa pelo grupo. Com certeza, um movimento que elevou ainda mais a nossa diferenciação no mercado.

O Publicis registrou o maior crescimento global entre as holdings em 2024 e mantém guidance positivo para 2025. Como esse resultado global influencia a estratégia e o direcionamento do grupo no Brasil?

Guidance positivo e que acaba de ser mais uma vez revisado para cima — com os resultados do terceiro trimestre, a expectativa agora é que o Publicis Groupe mundialmente registre um crescimento orgânico de 5,5% em 2025. Fazer parte de um grupo que lidera mundialmente a indústria (do ponto de vista do pensamento estratégico, mas também, já há algum tempo, de valor de mercado) traz sinalizações importantes sobre como devemos atuar no Brasil. Há um modelo de operação muito bem definido e já sabemos que dá certo. Mas é importante entender que o Publicis Groupe nunca se prendeu a fórmulas prontas. Desde que nasceu, quase cem anos atrás, ele sempre se adiantou ao futuro.

Gabriela Onofre, CEO do Publicis Groupe Brasil | Imagem: Divulgação

E como esse comportamento, antecipação e inovação se refletem na operação brasileira?

Vivemos isso intensamente na última década, quando o grupo comprou a Sapient, a Epsilon e outras empresas especialistas importantes, virando a chave da personalização em escala muito antes da concorrência e se colocando em um lugar totalmente diferenciado no atendimento aos clientes. Esse espírito empreendedor, nós também implementamos aqui, não só com a compra da BR Media, mas com o lançamento de uma unidade de produção, a Publicis Production, do TikTok Hub e da Publicis Edge, de dados e tecnologia. O resultado é que contribuímos para um desempenho muito forte da América Latina durante todo o ano: no terceiro trimestre, a região registrou crescimento orgânico de 9,6%. Já no primeiro semestre do ano, esse mesmo índice chegou a impressionantes 23,6%.

A integração da Epsilon com a Retargetly criou um dos maiores bancos de dados de identidade da América Latina e agora se soma à BR Media Group. Quais ganhos essa combinação traz para os anunciantes em termos de alcance e mensuração?

A compra da Retargetly permite que a Epsilon se fortaleça na América Latina e que os nossos clientes possam fazer campanhas com segmentação de audiências de forma incomparável na região. Estamos falando de uma personalização cirúrgica em grande escala. É sobre atingir a pessoa certa, no lugar certo, com a mensagem certa, de fato. A chegada da BR Media complementa esse ecossistema de “mídia conectada”, como costumamos dizer, agregando às campanhas de performance o potencial do marketing de influência. Do pequeno ao grande influenciador, somos capazes de construir estratégias que se baseiam em afinidade e confiança com as comunidades das marcas em questão, conceitos de valor intangível.

O grupo lançou recentemente a Publicis Edge no Brasil.  Quais objetivos estratégicos orientam essa nova unidade e como ela complementa as demais operações?

A Publicis Edge nasceu na Ásia e se tornou uma das principais referências em análise de dados no mercado de lá, que é altamente competitivo e de vanguarda. No Brasil, a Edge tem a missão de transformar dados e tecnologia em produtos que melhoram os resultados dos clientes em áreas como mídia preditiva, social, CRM e commerce. Ela é liderada pelo chief data & technology officer, Cleber Dantas, e conta com um time de 200 profissionais. É uma unidade de negócios “especialista”, que tem a premissa de criar soluções que se antecipem às demandas dos clientes, além de disponibilizar ferramentas globais como a Predixon, de mídia preditiva. Outros produtos proprietários que a Edge tem no Brasil são o Publicis Whisper (desenvolvido em parceria com a Meta para conectar marcas e consumidores via WhatsApp) e o Content Max, que utiliza a IA para mapear tendências e produzir conteúdo de social.

Leia a íntegra da reportagem na edição impressa de 10 de novembro.