Um dos youtubers pioneiros em vários aspectos no mercado brasileiro, Felipe Neto anunciou no ano passado o lançamento de seu próprio aplicativo em um evento que reuniu pelo menos centenas de pessoas entre jornalistas, artistas, empresários e celebridades da internet. Para ele, o movimento parece ter significado muito mais que uma afirmação sobre o alcance de sua capacidade profissional e popularidade, mas também uma tentativa de alforria a respeito do que ele considerava inadequado no Youtube, plataforma na qual coleciona 20 milhões de seguidores.
Não à toa, na ocasião, em entrevistas para alguns veículos, Felipe chegou a sugerir que a empresa de vídeos do Google poderia interferir no número de visualizações dos canais e com isso alterar quanto pagam a quem produz os filmes. Na época, a acusação foi negada pelo Youtube por meio de nota. De lá pra cá alguns influenciadores fizeram movimentos parecidos, iniciando uma tentativa de deslocamento para canais proprietários.
Já é possível dizer que essa tendência vai se consolidar? O que os produtores de conteúdo realmente buscam com essa estratégia? Para entender uma pouco mais sobre o assunto, batemos uma bola rapidamente com Celso Fortes, CEO da agência Novos Elementos, empresa especializada em criar aplicativos para celebridades, jornalistas e influenciadores digitais.
Por que os influenciadores estão buscando outras alternativas (que não as redes sociais mais populares, incluindo o Youtube)?
Porque é mais vantajoso. A vantagem de ter um aplicativo próprio é o controle das regras. O influenciador tem um suporte especializado e acaba por atuar como o gestor da rede social ou timeline dele. Desse modo ele consegue dar uma atenção maior aos seus seguidores. Fica mais próximo e mais customizável a comunicação. Quando você está em uma rede social de terceiros, como Facebook, Instagram e Youtube você tem uma regra única para todos, um perfil único de geração de conteúdo. Seguramente a proximidade e a customização da relação são maiores.
Quais são as vantagens em aderir aplicativos próprios?
A vantagem mais evidente é a remuneração. Você consegue performar e ter um retorno financeiro muito maior sobre as suas publicações. Desse modo você passa a ter até uma equipe que vai se dedicar por muito mais tempo a criação e desenvolvimento da plataforma própria.
Quais são os desafios para os influenciadores neste mercado cada vez mais fragmentado?
Conseguir manter a audiência interessada. É muito desafiador crescer, amadurecer e envelhecer com a sua audiência. É saber continuar relevante por meio de um discurso útil para a vida dos seguidores. É importante saber que eles vão mudando de mentalidade ou idade, por exemplo. É um desafio fazê-los te acompanhar com o passar do tempo.
Qual é o nível de maturidade desta estratégia aqui no Brasil?
Eu acredito que ainda está começando por aqui. Muitos influenciadores ainda acreditam nos formatos do passado. Não acreditam nesse formato ainda. Eles estão focados no tempo em que existiam poucos usuários e a tecnologia ainda era muito limitada. Só que isso mudou e hoje a base de usuários é muito grande. As plataformas estão muito mais redondas, as formas de pagamento e cobrança estão mais informatizadas, transparentes o que facilita a compreensão dos gestores de apps.
Em qual nível estamos quando comparamos com o mercado lá fora?
O mercado brasileiro de aplicativos ainda é muito imaturo. Existem alguns aplicativos já desenvolvidos, contudo a estratégia financeira ainda não é muito clara. Podemos perceber que muitos deles são voltados para reafirmar a imagem do ídolo e não para gerar receita. Acredito que ainda levará um tempo para chegarmos ao nível da abordagem internacional. Na Novos Elementos temos obtido bons resultados com o jornalista Léo Dias e a empresária Adriana Sant’anna justamente por atrelar uma estratégia sustentável de receita. Já chegamos a bater o primeiro lugar na App Store no carnaval, por exemplo.
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