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Com 28 anos de carreira, Fabiano Augusto tem formação em rádio e TV, é ator e fez até o último semestre de publicidade, curso com o qual afirma ter se “desencantado”. “Não tinha perfil, passei no vestibular muito cedo. Já trabalhava como ator, meu primeiro filme foi aos 16 anos para o McDonald’s, eu falava: ‘prontinho, dois quarteirões com queijo’”, lembra.

Apesar da decepção com a faculdade, a carreira de garoto- -propaganda no varejo o reaproximou da publicidade. “Ali eu sabia todo o processo de criação do filme, quanto era o projeto de mídia, como se escolhiam os canais e programas. […] Eu tinha uma abertura muito grande na Young (Y&R). Eu conversava desde com o presidente da agência, até com o contrarregra do comercial. Viajava com a família Klein, quando eles eram exclusivamente os donos das Casas Bahia, sabia os desafios que eles enfrentavam, isso era muito legal, porque eu tinha noção do processo todo. E me deu experiência de não pensar só como ator, mas também como publicitário”, afirma.

Foram dois os ciclos na rede varejeira. O primeiro até 2006 e o segundo a partir de 2013. “No fim da primeira fase o personagem ficou muito agressivo, eu não concordava. Acho que não se ganha ninguém no grito. Comecei a ficar infeliz, fizemos um acordo e saí. Quando voltei, foi em outro tom. Mais calmo, também já havia envelhecido, não tinha mais aquela energia”, comenta.

O personagem marcou tanto que surgiram algumas lendas sobre como foi parar nos comerciais. “As pessoas diziam que eu era neto do Samuel Klein, que eu era estoquista e por ser muito comunicativo me chamaram para fazer os filmes”, se diverte.

Carreira

Ao longo dos mais de três mil comerciais estrelados pelo ator, alguns o marcaram de forma mais profunda. “Fiz uma [campanha] do Santander com a minha mãe, que foi linda. Ela foi a que mais dificultou a minha carreira como ator. Tinha medo do perrengue que a profissão talvez me proporcionaria e daí, depois de anos, você voltar no tempo e ver a sua mãe ali, foi lindo”, diz.

“Tem uma das Casas Bahia que eu ia nas casas dos clientes reais. Eles contavam a história do produto que tinham comprado. Foi uma das que me deu mais prazer de fazer”, lembra. O ator conta que, apesar de ser frequentemente lembrado pelo trabalho na rede varejista, isso nunca foi um problema para as marcas. Augusto estrelou, entre outros, comerciais de empresa de telefonia, empreendimentos imobiliários, fez duas grandes campanhas para o Santander e foi o Alfredo, do papel higiênico Neve, ação que rendeu uma grata memória.

Uma das peças assinadas pela Iris Worldwide promoveu a reunião dele com os lendários garotos-propaganda Sebastian (C&A) e Carlos Moreno (Bombril). “Foi um momento especial porque a primeira vez que eu pisei no teatro, o Carlinhos estava na plateia e veio falar que eu levava jeito”, comenta. Em 2018, uma nova campanha das Casas Bahia voltou a unir os atores e trouxe, entre outros, a dupla Wandi e Artur (Brastemp). “Fazer com os ícones é especial, eles marcaram a minha vida. Acho que fui fazer publicidade por conta deles.”

Mercado

Para o ator, a publicidade mudou muito. “As coisas reduziram, ficaram muito objetivas. A publicidade não tem mais tempo de experimento. […] Eu aprendi a ser rápido. Quando você entra em um set, precisa contar uma história e todos têm de entender. A gente não estuda texto, você recebe na hora e faz”, reflete.

Sobre o mercado, Augusto não tem nenhuma queixa. “Não me arrependo de nada, sou muito grato aos clientes e à publicidade. Graças a ela eu tenho calma para trabalhar no teatro com certa autonomia, não enriqueci, mas tenho a possibilidade de escolher os meus trabalhos.”

No segundo semestre, ele deve voltar aos palcos para a terceira temporada do musical Carmen Miranda e fará ainda uma turnê pelo Brasil ao lado de Ana Lucia Torre, com a peça Num Lago Dourado.