Quando é dada a largada numa prova de estrada, um pequeno grupo de corredores geralmente dispara no caminho, empurrando para liderar o grupo o mais rápido possível. Atrás deles, corredores em um ritmo mais nivelado desenrolam sua estratégia de corrida fase a fase, reconhecendo a necessidade de acelerar ou ralentar para permanecer na disputa. A corrida para a transformação digital é semelhante de certa forma. Em meio à disrupção mundial em 2020, muitos negócios lutaram para se transformar num modelo online, com a urgência do momento guiando o ritmo. Um tanto literalmente, uma questão de sobrevivência para alguns, a transição para o digital foi imperativa. Agora, muitos atingiram um platô, com tempo para refletir sobre o que está ou não funcionando, além de planejar para o jogo em longo prazo.
Deixando de lado o caos impulsionado pela pandemia, a verdadeira transformação é um objetivo alcançado por meio de planejamento, construção e conhecimento, com uma fiabilidade saudável em estratégia e colaboração. Para fazer certo, empresas precisam voltar à estaca zero, avaliando sua aderência aos principais pilares da transformação digital.
Pessoas
Qualquer discussão sobre a importância das competências digitais deve começar com o elemento menos digital da combinação, pessoas. Quando a tecnologia evolui à velocidade da luz, é crucial que a mão de obra de uma empresa traga junto um modo intencional e guiado pelo feedback. Isso inclui:
- Lidar com transparência ao compartilhar os alicerces da mudança e o que elas significam na organização
- Ouvir primeiro para aprender como dar melhor apoio à mão de obra que está navegando num território pouco familiar, em suas funções e responsabilidades, no cenário de sua vida profissional
- Investir em treinamento e educação para trazer indivíduos à velocidade das novas tecnologias e processos, empoderando-os para que sejam parte ativa da evolução
- Citando o modelo de comunicação top-down tradicional, ao abrir novos canais para encorajar colaboração regular e feedback entre times internos de todos os níveis.
Para fomentar um time colaborativo e energizado por trás de qualquer transformação, empresas também precisam ter um olhar interno crítico, para se assegurar de que todas as vozes dentro do time estão sendo ouvidas. Os negócios atualmente estão sendo solicitados tanto por consumidores quanto por colaboradores, para que expandam suas motivações pelo comércio e impactem a sociedade como um todo. Diversidade e inclusão são elementos-chave em criar um plano intencional para engajar em iniciativas sociais com impacto. Ao prover um ambiente psicologicamente seguro, em que os colaboradores se sintam a salvo para oferecer opiniões divergentes sem ameaças de retribuição, empresas podem empoderar tanto sua cultura interna quanto esforços externos.
Tecnologia
Novas tecnologias fazem sucesso de acordo com a estrutura que as apoiam. Analisando as atuais potencialidades para forças, vulnerabilidades e capacidade, especialmente seguindo quaisquer modificações apressadas em 2020, negócios podem comparar sua infraestrutura com as demandas para avançá-las. Uma vez que a estrutura se adeque às novas plataformas, cada passo no processo e cada função pode abrir novas oportunidades. Contudo, falhar ao tirar vantagem de uma nova conectividade representa o custo de uma oportunidade. Começar com os básicos, fortificando a estrutura, atualizando o uso da plataforma e refinando práticas de metrificação são cruciais para maximizar oportunidades e identificar ineficiências.
Auditar tecnologias existentes também revela áreas onde a automação pode atuar com um papel mais eficiente. Varejistas, por exemplo, podem empregar o gerenciamento de estoque via tecnologia, ou digitalmente manter vendas e registros de inventários. Ao se eliminar uma porção significante de atividades físicas inerentes, funcionários ganham liberdade para assumir mais tarefas voltadas ao consumidor, essenciais para o sucesso de pequenos negócios.
Dados
A transformação digital envolve converter dados não estruturados em estruturados onde possível, usando-os eficientemente e eficazmente. Enquanto o consumidor e a adoção de negócios digitais foram expedidos numa taxa sem precedentes no último ano, os métodos por trás da captura e maximização de dados ao redor da corrida nem sempre mantiveram o passo.
Com a privacidade agora à frente da maioria das conversações, os negócios precisam acelerar seus sistemas de análise de dados e desenvolver novas formas de usar dados de primeira-mão mais efetivamente. Não é mais aceitável usar os insights do comprador para seguir consumidores ao redor da internet. Hoje, negócios precisam estudar a intenção e padrões de comportamento por trás de dados de primeira-mão para atingir indivíduos de forma mais impactante nos pontos-chave ao longo da jornada de compras. Ao refinar essas análises, empresas também podem descobrir formas de definir novos segmentos de consumidores de alto-valor.
Criatividade
Uma companhia onde os esforços de marketing digital são sobrealimentados pela análise de dados de ponta, e que camadas de insights para o consumidor oferecidas sejam rodeadas de potencial. Daí vem o tempo para fazer isso contar em um cenário omnichannel.
Agora mais do que nunca, consumidores estão se engajando com marcas entre múltiplos canais, o que significa que a criatividade precisa ser adaptável. A agilidade traz múltiplas oportunidades de informar, satisfazer e seduzir potenciais consumidores, sem mencionar que reúne mais insights de dados ao longo do caminho. Para maximizar cada interação digital, a qualidade do conteúdo é crítica. Ao investir energia criativa em descrições de produto, descrições de categoria e informações úteis e centralizadas no consumidor, negócios podem continuar construindo fortes relacionamentos no mundo digital. A corrida para a transformação digital pode ter corrido no máximo da velocidade no ano passado, mas ao observar o caminho, ajustando o ritmo e mantendo a dinâmica, marcas podem usar esse tempo para ganhar fôlego e conduzir sua transformação em longo prazo.
Sharon Harris é CMO da Jellyfish