A Abap (Associação Brasileira de Agências de Publicidade) apresentou nesta sexta-feira (13), durante seu último encontro nacional, realizado em Campinas (SP), um novo estudo sobre publicidade infantil, feito com base em todas as 276 campanhas denunciadas ao Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) desde 2006. O levantamento, realizado pela Medialogue e parte da iniciativa “Somos Todos Responsáveis”, tem por objetivo esclarecer a relação de agências, anunciantes e peças penalizadas para dar ao setor publicitário argumentos em prol da autorregulação, questionada por algumas ONGs e outros players.

“Esse estudo desmonta uma tese de que é difícil combater as agências. Todo mundo foi para o Conar e teve a denúncia julgada, não existe impunidade. Os números só reafirmam que não tem distinção por agência”, comentou Alexandre Secco, um dos responsáveis da Medialogue. “Os dados foram retratados sem nenhum viés, de forma nua e crua. Se alguma ONG fizer a mesma pesquisa chegará nos mesmos resultados”.

O outro objetivo do levantamento é fazer com que agências e anunciantes evitem repetir as práticas já penalizadas, uma tendência que já acontece atualmente – pois, de acordo com os dados, 80% das agências que foram punidas de alguma forma pelo Conar não foram denunciadas novamente, mesma situação de 74% dos anunciantes.

A relação entre denúncia e penalização é de 65%: das 276 peças classificadas como “publicidade infantil” no Conar, 179 sofreram penalizações, divididas entre advertência (2 peças, 1%), alteração (110 peças, 40%) e sustação (67 peças, 24%). A origem das denúncias é majoritamente externa: o consumidor foi responsável por 50% das denúncias, enquanto o próprio Conselho respondeu por 41%.

Um dos principais opositores ao atual sistema de regulação da publicidade infantil, o Instituto Alana, fez apenas 11 denúncias ao Conar, o que corresponde a 4% do total. Ministério Público (3%), Promotoria de Justiça (1%), Ambev, Pro Teste e Procuradoria da República (todos com 0,4%) também foram citados.

No que tange o segmento das peças denunciadas, os dados que permearam e tangibilizaram a máxima “são produtos de crianças voltados para crianças” foram que 18% de todas as peças penalizadas comunicavam brinquedos, seguidos de 16% de alimentos infantis. A frase “peça já o seu” foi o principal propulsor de punições, seguida de expressões como “acesse”, “venha”, “colecione”, “não perca”, “leve” e “acesse”.