Quando um dia escreverem a história de como o Brasil migrou de uma sociedade de empregados para uma sociedade de empreendedores, dois fatores merecerão especial destaque. Um primeiro, que preparou e formou; um segundo, que, mediante a legislação, formalizou.
O instituto do franchise, o melhor lab de formação de empreendedores – capacitação na prática – e uma legislação que completou dez anos e impulsionou milhões de jovens – de todas as idades – nessa direção.
Hoje comemoro com vocês os primeiros dez anos dos MEIs. E que aconteceram numa sequência redentora e iluminada.
Primeiro a Lei 11.598, de 2007, criando a Redesim (Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios).
Depois, a Lei Complementar 123/2006, criando o Instituto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, que acabou sendo conhecida como Lei Federal da Micro e Pequena Empresa.
E, finalmente, há oito anos, o nascimento, Lei Complementar 128/2008, criando a figura do Microempreendedor Individual, o MEI…
O início não foi fácil. Medo e desconfiança. Mas, no fundo, todos pressentiam – todos sabiam – que o emprego tal como um dia conhecemos não existiria mais.
Que mais cedo ou mais tarde teríamos todos de migrarmos para o empreendedorismo. Que, na sequência, a sociedade vertical se horizontalizaria com o prevalecimento da Sharing Economy, a economia por compartilhamento.
E, assim, de quase 300 mil do primeiro ano, 2010, para 1 milhão no segundo; dois no terceiro; três no quarto; quatro no quinto; cinco no sexto; seis no sétimo, 2016; 7,1 em 2017; e batendo nos 8 milhões no fim de 2018.
Dos novos microempreendedores, 31,2% têm entre 31 e 40 anos de idade; 23,7%, entre 41 e 50; 22,3%, entre 21 e 30; e 15,7%, entre 51 e 60.
Assim, entre 21 e 50 anos a grande maioria, quase 93%. Mas ainda temos quase 6% de pessoas acima de 61 anos, e na outra ponta, até 20 anos, quase 2%…
51,8% dos MEIS concentram-se no Sudeste, de cada 10 empresas novas que nascem 8 são MEIS, 38% voltadas para serviços e 36,4% para o comércio.
45% dos MEIS trabalham a partir de suas casas, e 30% são e trabalham em estabelecimentos comerciais.
Assim, depois de dez anos, temos muito que comemorar. Ainda que muitos tenham mergulhado de cabeça no empreendedorismo por total falta de alternativas, não importa.
Mesmo com todos os desafios e dificuldades é pouco provável que se os empregos, por uma mágica, retornassem – impossibilidade total e absoluta – a maioria dos novos empreendedores teria uma dificuldade insuperável de reconsiderar a decisão tomada.
Talvez e ainda não ganhem mais. Talvez e ainda sofram e durmam mal vez por outra. Mas, é indissimulável a felicidade que ostentam em seus rostos e manifestações.
Há dez anos começou a nascer um novo Brasil, por isso, repito, temos muito a comemorar.
Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing (famadia@madiamm.com.br)