Nesta quarta-feira (25), data que Roquette Pinto, considerado o pai do rádio no Brasil, inaugurou a primeira emissora oficial do país e se tornou o dia oficial do meio, a Abert (Associação Brasileira de Rádio e Televisão) promove em São Paulo, em parceria com a ABA (Associação Brasileira de Anunciantes) e a Abap (Associação Brasileira das Agências de Publicidade), o evento Rádio, mercado em sintonia, com palestras de Nelcina Tropardi (Heineken), Marco Frade (LG), Mario D’Andrea (Dentsu) e do músico Wilson Simoninha. Melissa Vogel, da Kantar Ibope Media, vai detalhar o Book do Rádio deste ano. Também será lançada a campanha É só ligar, criada pela Frisson, de Brasília.
Segundo Cristiano Lobato Flores, diretor-geral da Abert, o objetivo é mostrar que o uso do rádio permanece vivo e em transformação. Ainda há, por exemplo, uso do sinal AM, mas apenas na Amazônia legal e lugares remotos. O FM passou a ser o modal para sintonizar emissoras nos smartphones, que não aceitam mais AMs.
A grande novidade será a discussão sobre a era audiovisual do rádio, que tem mais de quatro mil emissoras comerciais no mercado brasileiro e 500 educativas. Um marco do rádio com imagens é o projeto Panflix, que vai acelerar a oferta desse formato pela rede Jovem Pan, que está investindo R$ 20 milhões em novos estúdios e equipamentos. Essa plataforma vai consolidar a ideia de convergência da JP, que envolve 80 emissoras em todo o país, cuja programação já impacta 10 milhões de pessoas no YouTube. Um dos líderes da JP é o programa Pingo nos is, com 235,5 mil views, equivalente a dois pontos da audiência de um canal de TV.
O meio rádio tem uma fatia de 4,2% do bolo publicitário do país, que é equivalente a R$ 5 bilhões, sem descontos. Pelo Cenp Meios, com informações de 78 agências, o faturamento do setor foi de R$ 659 milhões no primeiro semestre. “Tem potencial enorme de crescimento. Muitos anunciantes faturam direto às rádios nos mercados regionais. A produção também é simples. Muitas campanhas são feitas e narradas com o testemunhal dos apresentadores. O rádio é instantâneo e rápido”, disse o presidente da Abert, que também chama a atenção para a era dos podcasts. “É um fenômeno. Amplia o poder do streaming. Enquanto as plataformas como Spotify não tiverem apresentadores e se concentrarem apenas em música, não são concorrentes do rádio.”
Roberto Araújo, CEO da JP, explica a rota do podcast. “O podcast já gera receita em algumas plataformas que distribuímos, mas agora estamos criando uma série de novos modelos de monetização. E também pondo alguns podcasts como parte de planos em mais mídias e mais ativações que estão envolvidas. Temos alguma receita, mas longe ainda do que a gente acredita que pode alcançar. Na verdade, o podcast nada mais é do que um programa de rádio. Quem não teve um iPod onde o menu principal era música e podcast? A primeira disrupção em conteúdo a subir para a internet foi o podcast. E o podcast é uma forma de conversa; é um programa de rádio onde tem uma pessoa falando sobre um assunto”, finaliza Araújo.