Um dos efeitos colaterais mais importantes da pandemia foi a digitalização e a necessidade de transformação rápida das empresas. Projetos de transformação digital previstos para serem implementados a longo prazo foram obrigados a acelerar, sob risco de inviabilizar a existência de certos tipos de empresa.

Foi o caso do varejo. Com portas fechadas, empresas tiveram de se adequar rapidamente ao e-commerce e todas as implicações de logística decorrente.

Com a reabertura do comércio, as inovações feitas a toque de caixa acabaram sendo incorporadas no caminho do tal omnichannel, ou seja: atender o potencial consumidor de todas as formas, conhecendo sua jornada por inteiro, interligando o físico ao virtual. O fato é que tal transformação já era necessária e a pandemia foi somente um efeito acelerador.

A solidez de empresas tradicionais está sendo confrontada pelo nascimento de novos negócios, já incorporados à leveza e agilidade do digital. Basta analisarmos as empresas mais valiosas do mundo.

O Google, exemplo icônico desse processo de digitalização e inovação, tem apenas 23 anos de vida e já alcança as primeiras posições do ranking de empresas mais valiosas.

O TikTok, fenômeno atual nas redes
sociais, tem apenas seis anos de vida e o mercado já o avalia em estonteantes US$ 250 bilhões (R$ 1,4 trilhão). É claro que esses são exemplos fora da curva, mas estudos demonstram que as empresas que não colocarem inovação no centro dos seus negócios estarão fadadas a obsolescência, sendo atropeladas por aquelas com perfil transformador.

Ao analisarmos o tempo de existência de empresas listadas entre 500 maiores pela Standard & Poor’s, constatamos uma queda abrupta nos últimos 50 anos, de 61 anos de existência para apenas 22. E caindo. No Brasil, temos o fenômeno Magalu, que conseguiu deixar sua condição de negócio tradicional representado pelo Magazine Luiza para criar um marketplace que vende de tudo digitalmente, entrando de cabeça até em serviços financeiros. No campo das finanças, vemos Nubank e XP, entre outros nativos digitais, superando os grandes e tradicionais bancões.

O que resta a esses tradicionais é acelerar sua transformação, sob risco de se inviabilizarem. E quais são os pontos fundamentais dessa mudança? Pesquisa recente da McKinsey identificou 5 prioridades do novo normal:

1- Transformação na nuvem. Na esteira das transformações trazidas pela pandemia, é preciso acelerar a jornada de digitalização com rapidez e eficácia; 2- Estratégia central em sustentabilidade. O tema se tornou imperativo; 3- Cultivo do talento do amanhã. A pandemia ressaltou a urgência de modelos mais dinâmicos de trabalho, focados em identidade, agilidade e escalabilidade; 4- Velocidade como um músculo. Empresas precisam reagir rapidamente e focar a reinvenção; 5- Atuar com propósito. Os consumidores e a sociedade esperam mais dos negócios.

Estes 5 pontos devem nortear todo tipo de empresa, indistintamente. Vejamos o mercado de live marketing, ao qual estou mais ligado. Empresas organizadoras de eventos tiveram de pivotar sua atuação rapidamente mediante a proibição de atividades presenciais.

Em poucos meses, dezenas de soluções de plataformas digitais para eventos virtuais foram criadas e estruturas de geração de conteúdo foram montadas como forma de sobrevivência dessas empresas. Quem não foi ágil, ficou para trás.

O mercado de serviços de marketing, em geral, vem exigindo transformação constante dos seus players, que devem se comportar como uma startup o tempo todo. Aproveitar o downsizing imposto pela pandemia e tocar a sua atividade com mais leveza, sem apegos aos formatos tradicionais.

Isso não significa deixar de lado a expertise acumulada durante anos, mas, isso sim, criar uma cultura de inovação que reveja e aumente o leque de serviços, atendendo à demanda de contratantes também pressionados pela transformação. No nosso negócio, a única coisa que não muda é a certeza da mudança.

Alexis Thuller Pagliarini é presidente-executivo da Ampro (Associação de Marketing Promocional) (alexis@ampro.com.br)