Iniciativa cria agenda conjunta de autorregulação, certificação e diretrizes para a atuação de ambos os mercados
Na manhã desta terça-feira (9), em Brasília, o Cenp e a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) formalizaram um acordo de cooperação para fortalecer práticas de autorregulação e qualificação técnica nos mercados de comunicação e de capitais. O encontro reuniu os presidentes das entidades, Luiz Lara (Cenp) e Carlos André (Anbima).
Segundo Carlos, a parceria busca ampliar a troca de conhecimentos entre setores que compartilham desafios de governança e comunicação. Para ele, “a autorregulação é o principal pilar que sustenta a credibilidade da Anbima”, e a aproximação com o Cenp tende a aprimorar a aplicação de boas práticas na intersecção das duas entidades.

Regina Augusto, diretora-executiva do Cenp, lembrou que o diálogo entre as entidades se intensificou no segundo semestre e que o acordo nasce com a função de complementar a atuação dos reguladores, não de substituí-los.
Os 'FInfluencers'
O papel dos influenciadores de finanças foi um dos temas abordados. A Anbima monitora hoje 806 finfluencers, responsáveis por 1.662 perfis e 394 mil publicações no segundo semestre de 2024.
Carlos afirmou ao propmark que a entidade decidiu atuar principalmente sobre as empresas que contratam esses criadores, estabelecendo regras nos contratos como forma de disciplinar a relação comercial.
“Os próprios influenciadores buscaram essa aproximação, porque identificaram valor em estar próximos à Anbima. Atuamos junto às companhias que os contratam, responsáveis por seguir nossos códigos e diretrizes”, disse.
Do lado do Cenp, Lara anunciou que a entidade finaliza um documento específico para práticas de publicidade com influenciadores, elaborado por um grupo de trabalho composto por anunciantes, agências, veículos e elos digitais. O material deve ser lançado até março do ano que vem. Segundo ele, “é inimaginável pensar em campanhas que não considerem influenciadores; por isso, o objetivo é qualificar esse ecossistema e também certificar agências especializadas a pedido delas próprias”.
Certificação e qualificação técnica nos dois setores
A pauta da certificação foi sinalizada como eixo central do acordo. Carlos relembrou que a Anbima reúne cerca de 600 mil profissionais certificados no mercado financeiro e mantém programas de formação contínua para instituições e investidores.
Lara contextualizou que, desde 1998, o Cenp certifica agências de publicidade como parte de seu modelo de autorregulação reconhecido por lei. Essa prática permitiu o desenvolvimento de empresas de diferentes portes com acesso proporcional a pesquisas e ferramentas. Ele explicou que o sistema permanece baseado no princípio de valor compartilhado em que agências maiores subsidiam o acesso de pequenas e médias a instrumentos técnicos necessários ao exercício da atividade.
“O fato de abrir uma agência pequena não impede que ela tenha acesso às mesmas pesquisas que estruturam a relação entre anunciantes, agências e veículos. É um modelo que sustenta o equilíbrio do mercado”, disse.
Impactos esperados e desdobramentos
Para as entidades, a cooperação deve produzir resultados em três frentes: aprimoramento da comunicação de produtos financeiros, especialmente em ambientes digitais; troca de metodologias de autorregulação, com foco em governança, transparência e boas práticas; e integração entre programas de certificação, ampliando a qualificação técnica em ambos os setores.
Carlos afirmou que as próximas etapas incluem grupos de trabalho para identificar oportunidades de melhoria em autorregulação e comunicação com o mercado.
“Queremos contribuir para qualificar ainda mais as atividades das duas entidades e de seus participantes”, disse.