Adentramos a segunda metade dos Jogos Olímpicos, com o encerramento desse grande espetáculo de confraternização mundial, previsto para o domingo, 21.
Pode-se discutir a performance dos atletas brasileiros, que até o encerramento desta edição deixava a desejar. Mas, são indiscutíveis os benefícios que o evento proporcionou ao nosso país, não apenas externamente, com a divulgação atingindo aos quatro cantos do planeta e motivando, entre outras coisas, milhares de pessoas a melhor se interessarem pelo Brasil.
Esse interesse aumentará sem dúvida o fluxo de turistas estrangeiros para os nossos portos e aeroportos, além de incrementar o comércio que temos com mais da metade dos países do mundo. País conhecido é país melhor visitado e com maiores oportunidades no seu intercâmbio de comércio global.
Mas, há também o benefício interno, que pode se traduzir até mesmo no caso presente, na atenuação de uma crise econômica jamais vista pelos brasileiros desde 1500. Para maior sorte desse resultado, o fim da Olimpíada engata com o início da parte final do processo de impeachment da presidente da República afastada, que sendo aprovado, como a maioria do nosso povo espera, provocará a tão esperada retomada do desenvolvimento.
Sendo este um jornal voltado para o mercado da comunicação do marketing, há que se comemorar inclusive o crescimento dos investimentos publicitários internos em decorrência dos Jogos Olímpicos.
Anunciantes, agências, mídia em geral, produtoras e fornecedores do mercado ansiavam por uma retomada dos negócios, em linha descendente desde a Copa do Mundo de 2014. A Olimpíada provocou essa retomada, que pode ser considerada como o início de um novo ciclo favorável para todo o segmento.
Tudo indica que a piada que acabou virando “tese”, sobre o fato de Deus ser brasileiro, tem tudo para se confirmar já a partir das próximas semanas. As previsões de catástrofe econômica total e de recuperação somente no longo prazo começam a se dissipar, segundo experts de renome a respeito do nosso futuro breve.
A verdade é que o país demonstra uma vez mais que é maior do que todas as suas crises. Basta um esforço coletivo contagiando a nação, para mudar o rumo deste grande navio chamado Brasil, desviando-o a tempo do gigantesco iceberg à sua frente.
***
Se o cenário acima exposto vier a se confirmar como todos queremos, é bom que não esqueçamos das dificuldades passadas, dos cerca de 13 milhões de novos desempregados, espalhados pelo país em todos os setores de atividades, da falta de um bom sistema de compliance nas contas públicas, da necessidade de uma mudança radical no compadrio entre autoridades da República, possibilitado entre outros fatores por leis mal feitas e mal revisadas, desde a Carta Magna até os diplomas menores de qualquer município brasileiro.
É necessário e urgente que se acabe, entre milhões de outras situações que também merecem um fim, com a prática de os integrantes da Suprema Corte de Justiça serem escolhidos a dedo pela mais alta autoridade do Poder Executivo, submetendo-se depois a uma inoperante sabatina diante de representantes do Legislativo, o que acaba comprometendo, na maioria das vezes, a almejada independência entre os Três Poderes.
O mecanismo para a ocupação de vaga no Supremo pode ser mais simples do que parece: basta seguir, por exemplo (e há muitos outros), o procedimento da secular Igreja Católica para a escolha de um novo papa. Cardeais de todo o mundo se reúnem em um conclave e dentre eles um é escolhido para ocupar o trono de São Pedro.
Os presidentes dos tribunais estaduais e federais de Justiça poderiam se reunir e dentre eles escolherem aquele que ocupará a vaga aberta no STF. Entre outras vantagens, o sistema poria fim a escolhas a nosso ver indevidas de quem nunca foi juiz de Direito ocupar uma cadeira no STF, o que hoje ocorre e tem ocorrido desde que se instituiu um critério político e não técnico-profissional para a nomeação de integrantes do STF.
O momento que se avizinha para o Brasil é propício para mudanças radicais em prol de um país melhor para todos e não apenas para a casta dominante do Estado.
***
Há que se considerar nessas observações, inclusive, a grande farsa ideológica que engana milhões de brasileiros que têm o direito de acreditar que as teorias políticas esquerdizantes são as melhores para o país.
A farsa consiste em fazê-los crer que seus líderes hoje em ação pensam como eles. Na verdade, não pensam. Não querem a melhor distribuição de renda (que por eles deveria começar), como não querem sequer seguir o Liberdade, Igualdade e Fraternidade, da Revolução Francesa.
O que realmente querem é o poder pelo poder, a vida e suas aventuras à custa do Estado em decorrência dos impostos pagos por aqueles que trabalham e produzem, arriscando para isso diariamente as próprias vidas e o seu futuro.
A grande farsa vende para os mais crédulos uma ideia bem diferente dos objetivos dos seus autores. Na verdade, a luta que estimulam objetiva a posse do público contra o privado.
Cansamos de ver esse filme desde 1917. Mas, como as gerações se renovam, tudo parece novo para quem não conhece o existente.
Armando Ferrentini é diretor-presidente da Editora Referência, que publica o PROPMARK e as revistas Marketing e Propaganda