Há uma única certeza sobre o Cannes Lions 2018: é impossível ter certezas.
A razão é simples: nunca houve, em todas as 64 edições passadas, um festival como o que está prestes a começar.
Totalmente redesenhado, reformatado, cheio de novidades. Um “reset”, nas palavras de seus organizadores.
Assim, deixo o Brasil rumo à Riviera levando o entusiasmo de sempre e mais dúvidas do que nunca.
Algumas delas:
Como vai ser acompanhar um festival de cinco dias, em vez de oito? Tudo-ao-mesmo-tempo-agora? Loucura? FOMO na veia?
Outra: a limitação a 6 categorias possíveis para cada peça vai diminuir drasticamente o número de Leões distribuídos? Ou teremos mais peças premiadas com menos Leões cada? A redução expressiva no número de peças inscritas – 21% menos – vai facilitar a vida das que estão no Palais? Com a “ausência” da Publicis no jogo, sentiremos falta de marcas icônicas como Heineken? Ou nada muda, já que o grupo francês tem 399 campanhas inscritas por clientes e parceiros?
Em relação às categorias, será que alguém vai sentir falta das finadas Cyber e Integrated? Qual será o Grand Prix da nova e, ao meu ver interessantíssima, Creative eCommerce? O trabalho para ONGs julgado à parte deixará o festival mais justo? Acirrará a disputa das grandes marcas?
O novo sistema de pontuação, valorizando muito os Leões grandes, como ouros e GPs, vai prejudicar o Brasil nos rankings? Falando em Brasil, 29% de inscrições a menos significará 29% menos Leões? Ou manteremos a média histórica porque só o filé foi inscrito?
Para finalizar, ainda algumas dúvidas avulsas: será que o free-pass de Young Lion dado às agências que inscreveram mais de 15 peças em 2017 vai realmente rejuvenescer o Palais? O teto de preços estabelecido pelo festival para restaurantes e táxis será respeitado? Qual será o tom da fala de Sir Martin Sorrell, pela primeira vez fora da WPP?
Uma última dúvida, que aparece de 4 em 4 anos: com Cannes e Copa juntos, será que o fígado aguenta?
Boa sorte para o Brasil em ambos.
Adriano Matos é VP de criação da Grey