Vasconcellos: estrutura das agências hoje ainda não prioriza a velocidade

 

As agências brasileiras ainda utilizam parcialmente os recursos do Facebook na hora de criar para as marcas. A avaliação é de Raphael Vasconcellos, diretor de soluções criativas da rede social para a América Latina, responsável por auxiliar agências e clientes a desenvolver estratégias para a rede social no Brasil. “As pessoas estudam pouco o mercado no país, que é um tanto ‘junior’ para se dizer especialista. Não há agência de social media especializada em Facebook”, criticou o executivo.

De acordo com ele, a principal característica da rede social é a rapidez em que soluções são criadas, o que exige agilidade das marcas e velocidade das agências. “Nos Estados Unidos, começam a surgir agências pensadas para desenvolver campanhas e responder imediatamente na rede a acontecimentos cotidianos. Elas fazem campanhas em questão de horas”, exemplificou. “Agências e clientes ainda não entenderam que grande característica da rede é a agilidade — e a estrutura das agências hoje não prioriza a velocidade”, complementou.

Entre elas, o diretor destaca AKQA e R/GA. “Há muita informação na rede. São quatro bilhões de likes por mês somente no Brasil. As marcas precisam entender que, no Facebook, elas competem com o trânsito, com a foto do churrasco do amigo do seu fã, com o jogo de futebol transmitido ao vivo. Sem agilidade, ficam para trás”, reforçou.

Vasconcelos, que era vice-presidente de criação da AgênciaClick Isobar, chegou ao Facebook em meados de 2012. O posto ocupado por ele foi criado no ano passado pela companhia norte-americana para prestar consultoria às empresas de publicidade sobre soluções da rede social. O Brasil é o primeiro país na região a ter o departamento e Vasconcelos opera para toda a América Latina. “Criamos juntos, agências, clientes e eu. Sou um criativo a favor do departamento de vendas”, resumiu. Desde que chegou ao posto, o diretor já prestou auxílio a marcas como Nike, Ambev e Santander, mas diz que ainda é pouco desafiado pelas agências no país. “Sou muito mais acionado pelos clientes”, apontou.

Segundo maior

Enquanto as empresas de publicidade ainda patinam para criar para a rede social, a operação no país ganha notoriedade entre os escritórios da rede social no mundo. O Brasil é hoje o segundo maior país com usuários do Facebook, onde a companhia tem 67 milhões de pessoas registradas. Desse total, 20 milhões acessam a plataforma via dispositivos móveis. Hoje, 25% de todo o tempo gasto pelo brasileiro no universo online é dedicado ao Facebook.

Também é significativo o consumo de publicidade pelos brasileiros, afirma a empresa. No último trimestre do ano passado, duas soluções globais da rede foram testadas no Brasil: uma pela Motorola Mobility, que criou uma campanha mobile e limitou o número de impactos que cada usuário receberia diariamente; e outra pela Honda, que testou um produto voltado para o mercado automotivo, direcionado aos usuários que gostavam de automóveis. “Os usuários no país estão dispostos a consumir publicidade. Tanto que escolhemos estrear essas duas soluções maduras no Brasil”, apontou Camila Focus, gerente de comunicação do Facebook para a América Latina.

Em setembro do ano passado, a companhia mudou de sede. Saiu de um escritório pequeno na Vila Olímpia e agora ocupa um amplo andar num dos recém-inaugurados prédios comerciais do mesmo bairro. O motivo foi o aumento da equipe. “Dobramos de tamanho desde que chegamos no Brasil, em 2011”, disse Camila. A operação local é o hub da companhia na região. São 50 funcionários e há 13 vagas abertas no momento para serem preenchidas.

Arte

Para dar um ar brasileiro ao escritório da empresa americana, um grupo de artistas gráficos da galeria Choque Cultural foi convidado para estilizar o espaço. A produção começou em novembro do ano passado e ficará pronta no final desse mês. As obras incluem colagens, pôsteres, desenhos e pintura à mão.

O tema das obras celebra a cultura hacker e tem influências do pop-art. “Queríamos dar cor, energia e transmitir o sentimento de urgência, que tem a ver com o trabalho da equipe daqui”, explicou Eduardo Saretta, fundador da Choque Cultural e um dos artistas envolvidos no projeto. “Fizemos isso para dar coloração ao espaço. Quando mudamos, o ambiente lembrava o de um hospital. Os desenhos têm um impacto positivo no escritório, porque espelha a diversidade do país e estimula a criatividade”, finalizou Ana Carolina Borghi, diretora de recursos humanos do Facebook para a América Latina.