O propmark convidou sete agências para criar anúncios em protesto à censura ao Estadão. Na edição desta semana do jornal, é possível conferir a contribuição da Leo Burnett, Ogilvy, Neogama/BBH, Lew’Lara/TBWA, Fischer+Fala!, Borghierh/Lowe e Y&R para alertar a sociedade.
A Neogama/BBH criou um hotsite especialmente para a campanha. O endereço leva a um abaixo-assinado que, depois, será encaminhado ao STJ. “Não queria que as pessoas discutissem o anúncio, mas se engajassem no tema”, explicou Alexandre Gama, presidente e diretor geral de criação da agência. A intenção do anúncio é chamar as pessoas para a ação. “O resultado vai ser tão bom quanto o povo que a gente tem”, contou.
A Leo Burnett usou a realidade aumentada em seu anúncio. “As coisas estão mudando e existem outras maneiras de abordar os mesmos temas”, explicou Ruy Lindenberg. O anúncio traz a imagem de um título riscado e convida o leitor a visitar um hotsite. No endereço indicado, ao focar o título com a webcam, o leitor consegue ler uma mensagem de desaprovação à censura imposta ao Estadão.
Uma tarja preta em forma de bigode, em alusão ao senador José Sarney (PMDB-AP), foi a maneira que a Lew’LaraTBWA usou para abordar o tema proposto pelo propmark. “A gente optou por chamar a atenção para o problema de uma maneira impactante”, disse André Laurentino, vp de criação da Lew’LaraTBWA. Para Laurentino, o brasileiro acaba se acostumando com a violência que lhe é imposta. “Essa do Estadão é só mais uma bala perdida”, falou.
A Ogilvy relembrou os tempos da ditadura militar, quando o jornal publicava receitas de bolo e poemas no lugar das reportagens censuradas. “Censura, nos dias de hoje, é tão grotesco que fizemos quase um desabafo ao autocensurar o nosso anúncio”, argumentou Frederico Saldanha, diretor de criação da Ogilvy.
A BorghiErh/Lowe também resgatou o velho recurso usado pelo Estadão, mas, no lugar de bolos, colocou receitas de pizzas para lembrar a falta de impunidade no Brasil.
A Fischer+Fala! fez duas versões de anúncios. Em um, sobre uma caixa de jornais picados, está a figura de Saddam Hussein. No outro, os jornais amassados têm tanques de guerra passeando sobre eles. A inscrição “Quando um jornal mostra os fatos, ajuda a proteger a história” chama a atenção à importância do jornalismo para a democracia.
A Y&R usou, no lugar das palavras censuradas, um link que encaminha os leitores a um site de busca que mostra que há cerca de 1,3 milhão de páginas sobre o assunto “censura ao Estadão”. “Não tem como calar as pessoas. É impossível. Milhares estão falando sobre o assunto, revoltados”, disse Felipe Gall, diretor de criação da agência.
por Cristiane Marsola
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