Com o avanço da imunização da população, as empresas começam a planejar o retorno presencial dos funcionários. Muitas, no entanto, aprovaram a experiência do trabalho remoto, pois representa conforto aos colaboradores, já adaptados à nova rotina, e a redução de custos com espaços físicos. Apesar de um começo turbulento, quando teve início a pandemia, em março de 2020, a experiência do home office deu certo. Deixou de ser um bicho de sete cabeças e é realidade.

Mas o retorno ao ambiente de trabalho ao vivo pode trazer prejuízos emocionais aos profissionais. Seja por medo do contágio, porque a pandemia não acabou, ou pela possibilidade de ter de se desfazer de uma estrutura montada especialmente por conta do home office e isolamento social. Isso implica em nova adaptação profissional e pessoal. O que se percebe junto às agências é uma preocupação com o bem-estar dos colaboradores.

Vinicius Reis (Divulgação)

Vinícius Reis, sócio e CEO da CP+B Brasil, por exemplo, afirma que a agência se programa para retorno presencial a partir de janeiro 2022. “Tudo estruturado e prezando, principalmente, pela saúde e segurança dos colaboradores e colaboradoras”, acrescenta.

Reis fala que imaginam que até lá todas as pessoas da agência já estejam completamente imunes, com as duas doses da vacina contra a Covid-19. “Essa é a expectativa, seguindo o calendário de vacinação por idade”, lembra.

“Faremos uma retomada gradual e híbrida, respeitando todos os protocolos de saúde e segurança. Temos o apoio especializado de uma empresa de segurança do trabalho e saúde ocupacional que está orientando-nos sobre as questões relacionadas a uma retomada segura”, afirma.

Sobre o emocional dos colaboradores com o retorno físico, ele declara que realizaram uma pesquisa no ano passado e “80% das pessoas gostariam de retomar à rotina presencial na agência, desde que se sentissem seguras”.

Para contornar possíveis crises de ansiedade dos funcionários, Reis fala que foi implementada uma ferramenta na agência que monitora como as pessoas estão se sentindo, contando com a gestão próxima das lideranças e estão acompanhando caso a caso. “Temos um canal direto com o RH para que as pessoas busquem apoio caso se sintam ansiosas em alguma situação e as incentivamos a buscar profissionais especializados tanto no plano de saúde quanto no benefício de Apoio Pass”, revela.

Ele conta ainda que também fizeram algumas pesquisas com as equipes para “nortear o RH sobre ações que sejam mais efetivas e alinhadas com a expectativa dos colaboradores e colaboradoras da agência”. “Além de conversas e palestras sobre temas que somam para um ambiente psicologicamente seguro e de troca”.

Sobre a adaptação da equipe ao trabalho remoto, ele argumenta que foi difícil inicialmente, pois não tinham o modelo home office na CP+B. “Depois de três meses percebemos que as equipes já estavam mais habituadas e hoje observamos que boa parte conseguiu estabelecer uma rotina de trabalho com boas entregas e mais equilíbrio entre vida pessoal e profissional”. A CP+B deve manter um sistema híbrido. “A ideia é adotar inicialmente um modelo de trabalho híbrido, estabelecer uma política e acompanhar como será a adaptação das pessoas. Tudo muito flexível e aberto a ajustes necessários”, conta.

Nelson Vilalva (Divulgação)

Turnos
Já a nova/sb, que tem escritórios em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e Cuiabá, entrou em home office na segunda semana de março de 2020, no início da pandemia, e, a partir daí, segundo o CEO Nelson Vilalva, funcionam “meio a meio”, ou seja, adotaram o sistema híbrido e, conforme relato do executivo, será difícil voltar para trás. “O sistema deu certo”. Depois do primeiro impacto, após a segunda dose da vacina, alguns começaram a voltar presencialmente, porém em três turnos por semana.

Segundo ele, tem funcionado muito bem. Por isso, colocaram o assunto em discussão e os próprios funcionários decidiram se queriam ou não voltar ao trabalho presencial. Detalhe: todos devem cumprir uma parte do trabalho nos espaços físicos das agências. Ele acha difícil retornar à dinâmica do full. Para ele, foi importante ouvir as equipes e elas decidiram, ou não, pela presença física.

Isso tudo beneficiou a negociação dos aluguéis dos imóveis com os respectivos senhorios. Segundo Vilalva, as sedes estavam superdimensionadas e a negociação, por conta da redução de uso dos espaços, ficou mais favorável. Em uma ou duas cidades mudaram de prédio. Em outras conseguiram um preço melhor pelos aluguéis.

Mesmo com todas as mudanças que a pandemia provocou, para ele, ter a presença física das pessoas é importante para manter a cultura da agência. Elise Passamani, VP de operações da Lew’Lara\TBWA, também fala que a agência vem se preparando há meses para o possível retorno presencial. “Já reorganizamos a agência fisicamente, considerando todas as adequações necessárias (que passam por intensificação da limpeza, biometria facial, sistema para gerenciar quantidade de pessoas in loco e alocação de mesas/espaços na agência); já fizemos desenhos de escalas, inclusive, toda a comunicação visual que ajudará a orientar os colaboradores quando o momento chegar”, relata.

Ela afirma ainda que estão considerando voltar para o escritório em janeiro de 2022, com a “premissa de que 100% dos nossos colaboradores terão tomado as duas doses da vacina e a pandemia estará sob controle”.

Elise Passamani (Divulgação)

“Sentimos que há muitas pessoas ansiosas pelo retorno presencial e há aquelas que estão receosas, com medo da readequação da rotina. Nosso RH tem dado todo o suporte possível aos colaboradores e temos programas de apoio psicológico também”, declara.

Segundo ela, além disso, a Lew’Lara\TBWA ouve ativamente “todos os colaboradores, através de bate-papos, pesquisas e reuniões virtuais para garantir que o retorno atenderá às expectativas deles, respeitará todo o aprendizado que adquiriram ao longo destes tantos meses de confinamento”. “Para tanto, planejamos um retorno flexível, onde trabalharemos alguns dias da semana na agência e outros, remotamente”, avisa.

Já Fernando Taralli, CEO da VMLY&R, conta que fizeram uma pesquisa recente com os colaboradores para entender como eles se sentem em relação a uma possível volta à agência e constataram que 66% deles gostariam de trabalhar em um modelo híbrido, “em que o presencial e o home office possam conviver, e essa orientação será a prioridade, segundo ele, para a programação da volta.

“Mas vamos levar em conta o que é melhor individualmente também, respeitando o estilo de vida e as características da função que cada um desempenha, e só faremos o movimento de reabertura total da agência quanto todos estiverem vacinados e seguros, o que esperamos que ocorra no começo de 2022”, detalha.
Taralli revela ainda que, neste ano, já começaram a flexibilizar a ida à sede para reuniões que sigam os protocolos de segurança. “Devemos começar a abrir a agência para algumas pessoas que se sintam confortáveis e queiram trabalhar de lá”.

Diferentemente da grande maioria, a Bold, liderada por Rodolfo Campitelli, já trabalha presencial desde novembro de 2020, pois, segundo ele, a Casa Bold está aberta para os colaboradores e a ida continua sendo facultativa. “Afinal, estamos alocados em um casarão com mais de 600 metros quadrados, garantindo que o retorno ao presencial aconteça de forma segura, atendendo a todos os requisitos sanitários de combate à pandemia da Covid-19”.

Fernando Taralli (Divulgação)

Porém, Campitelli garante que nada foi decidido sem ouvir o time. “Depois de uma pesquisa interna, constatamos que 100% dos profissionais sentiam falta da convivência, de estarem próximos das pessoas, trocar ideias e ver os amigos”.

Ele diz ainda que seguirão com o modelo híbrido enquanto toda a população não estiver imunizada. “Acabamos criando o conceito Home & Office. Mais do que uma mudança de paradigma, trata-se de uma alteração da mentalidade da Bold, que hoje abre as portas da Casa Bold como um espaço permanente e híbrido que pode servir tanto como local de trabalho, como pode ser um espaço de convivência, relacionamento e descanso”.