Poucas horas após o primeiro turno das eleições nesse domingo (7), o debate político entrou de vez no cenário do mercado publicitário. Isso porque profissionais de grandes agências se posicionaram em suas redes sociais, engrossando discursos preconceituosos contra nordestinos.
A população da região Nordeste foi alvo de comentários desrespeitosos (e criminosos). A eles foi dada a responsabilização pelo voto majoritário em Fernando Haddad (PT), levando o candidato à presidência ao segundo turno com Jair Bolsonaro (PSL). Após a divulgação do resultado da eleição, não faltaram críticas aos eleitores, inclusive, de profissionais do próprio mercado de propaganda e marketing. Um deles foi José Boralli, diretor geral de atendimento da agência Africa. O executivo postou em seu Instagram a seguinte mensagem: “Nordeste vota em peso no PT. Depois vem pro Sul e Sudeste procurar emprego”.
A mensagem teve repercussão imediata na internet, onde o texto foi compartilhado e criticado por colegas da Africa e de outras agências. O executivo chegou a apagar a mensagem e publicar um pedido de desculpas. No começo desta tarde, um comunicado interno assinado pelos copresidentes Marcio Santoro e Sergio Gordilho recriminou a postura do executivo, destacando a origem diversa da agência, bem como a de suas lideranças. A Africa foi criada pelos baianos Nizan Guanaes e Guga Valente, além de ter sua criação liderada por Gordilho, também baiano.
Confira a nota oficial que circulou internamente na agência:
“Ontem o Brasil dormiu dividido.
Comentários preconceituosos e próximos da irracionalidade reinaram nas redes sociais.
Sem fazer juízo de valor, precisamos, acima de qualquer partido ou corrente, respeitar as pessoas.
A eleição passa, o país anda, as nossas atitudes ficam.
No meio desse turbilhão, um funcionário da Africa postou um comentário infeliz e preconceituoso.
O sucesso da Africa é a prova viva da força do convívio de pessoas de diferentes origens e backgrounds.
Nascemos da diversidade.
Acreditamos nela e a defendemos, acima de tudo.
Não respeita-la seria arranhar nossa biografia e nossos RGs, na maioria nordestinos.
O comentário desse funcionário não coincide com nossa crença, não está à altura da nossa história.
Por isso, a Africa condena e afirma que tomará as medidas cabíveis em relação a esse caso que, em hipótese alguma, representa a nossa opinião e fere o nosso Código de Conduta”.