Andre Passamani, fundador e co-CEO, Camila Hessel, diretora de criação (ambos em pé), e Carlos Fernandes, gerente de insights da Mutato (sentado) (Créditos: Alê Oliveira)

Segundo o dicionário, a palavra diversidade representa um conjunto de características variadas que traz a qualidade daquilo que é diverso. Fundada em 2012, a Mutato não precisou consultar estes significados para montar uma agência que apresenta pluralidade de profissionais. Com cerca de 200 funcionários, a empresa possui 60% da sua equipe de criação formada por mulheres, sendo que, das cinco lideranças criativas, três são do sexo feminino. Além disso, mais de 27% dos profissionais se autodeclaram negros.

“Isso deveria ser natural. As pessoas estão brigando por conta de uma divergência de visão. Na Mutato, entendemos que é preciso ter pontos de vista diferentes. Como entender o que se passa na cabeça de uma pessoa na Bahia, se você é de São Paulo? Então, aqui conseguimos juntar pessoas diferentes e isso nos traz uma vantagem. Afinal, temos uma percepção menos dentro da bolha e mais próxima do que encontramos na rua”, comenta Andre Passamani, fundador e co-CEO da Mutato.

Empresa possui 60% de sua equipe de criação formada por mulheres (Créditos: Alê Oliveira)

O respeito a todo o tipo de diversidade dentro de casa, além de proporcionar um ambiente mais divertido, também realiza campanhas mais criativas e assertivas. É o que acredita Camila Hessel, diretora de criação da Mutato. “Não olhamos a diversidade porque é bonitinho, mas, sim, porque não vamos conseguir fazer uma boa comunicação se não trouxermos essa representatividade. Fazemos parte de um país diverso e as marcas precisam entender isso para conquistar qualquer tipo de relevância. Diversas pesquisas revelam que as pessoas não se reconhecem na publicidade, então, a diversidade é a base do trabalho que realizamos”, diz.

Com a proximidade do verão, Camila dá um exemplo claro sobre estereótipos na publicidade. “Em geral, as campanhas para a estação são idealizadas nas melhores praias e repletas de mulheres magras. Em nosso trabalho de Ipanema, para a Grendene, trazemos mensagens fora deste contexto e mostrando uma variedade de corpos e etnias. A resposta é imediata. As pessoas olham e entendem que a campanha foi feita para elas. Acreditamos que este é um princípio básico”, reforça. 

Fundada em 2012, a Mutato já nasceu híbrida e produzindo conteúdo para todas as plataformas, seja on ou offline (Créditos: Alê Oliveira)

Híbrida 

Com a indústria de comunicação em constante evolução, a Mutato já nasceu híbrida e produzindo conteúdo para todas as plataformas, seja on ou offline. Com isso, acredita agora que vive uma nova fase e tem a missão de ser um vetor de transformação do mercado.

“Há várias teorias sobre o corpo humano que dizem que a cada sete anos você troca as células do seu corpo. No mês de setembro, completamos sete anos, então, já somos uma empresa completamente diferente de quando começamos. Queremos ajudar o mercado a se transformar ao longo do tempo. Já realizamos algumas iniciativas no processo de operação e na entrega do produto final. Escolhemos o nome Mutato, pois acreditamos na mudança constante, concreta e presente”, ressalta Passamani.

Ainda segundo o executivo, a transformação vem ocorrendo durante todos estes anos de maneira enfática. “Entendemos que o nosso papel é transitório, que nunca vamos estar sozinhos em uma mesa decidindo a marca do cliente. Nossa missão é criar marcas fortes e relevantes”, diz.

Ambientes despojados e espaço para o descanso fazem parte da agência (Créditos: Alê Oliveira)

Insights 

A comunicação ganhou novas proporções a partir do momento em que o digital trouxe ao consumidor a possibilidade de ficar 24 horas conectado a uma marca. Na Mutato, a análise de performance e a busca por insights é liderada por Carlos Fernandes, que fica atento a todas as interações positivas e negativas geradas pelas campanhas.   

“Em todas as contas que trabalhamos temos o dedo no consumidor. Precisamos entender o que ele fala para corrigir rotas, gerar conversas e entender se o conteúdo é relevante. Hoje, conseguimos testar, analisar, corrigir e ter resultados ao vivo. Essa análise é muito enriquecedora, pois são esses dados que vamos levar para a criação da próxima campanha”, comenta Carlos Fernandes, gerente de insights da Mutato.

Clientes como Netflix, Itaú, Avon, Samsung e Ambev fazem parte do portfólio da agência (Créditos: Alê Oliveira)

Segundo Camila, essa análise é essencial para entender como gerar valor para as marcas. “Não produzimos o que queremos e, sim, o conteúdo que é baseado nas medições e na avaliação do consumidor. Para cada cliente acabamos sendo uma empresa diferente e somos muito flexíveis, pois cada marca possui um universo distinto”,diz. 

Passamani termina mais uma visita da série Giro no Mercado afirmando que a característica da Mutato é se desenhar como solução para o cliente. “Não dá mais para ficar desenhando as coisas na prancheta. No futuro, o desafio da indústria é um cenário em que as barreiras do on e off desaparecem de maneira concreta e real. Porém, é uma coisa que ainda observo distante”.