Fui convidado para moderar um painel num evento do amigo Ramon, do MestreGP. Sou fã do Ramon e da sua dedicação à disseminação de técnicas e vantagens da Gestão de Projetos na nossa área. Não recuso um convite desses. Aí ele me brifa quem serão meus pares à mesa do painel e os temas que devem pintar: Ágil (ou Agile), Scrum, Kanban, SMART…

Eu não assumo minha ignorância, até porque parte dessa sopa de letrinhas até tenho conseguido digerir por força da minha curiosidade e o receio de não acompanhar os processos mais modernos. Afinal, até me tornei um expert em design thinking, metodologia que faz parte desse caldeirão aí.

Mas tem mais letrinhas para serem digeridas: tem o tal Kanban (esse eu até acompanhei quando trabalhei na Honda, tempos atrás), Lean, Design Sprint, XP (Extreme Programming), MVP… WTF (What the Fuck) é isso tudo?! E o que tem a ver com a nossa atividade?

Bem, o tiozão aqui não gosta de ficar de fora de discussão de moderninhos. Então, lá fui eu tentar entender minimamente esses termos. Se você acha perda de tempo continuar lendo este artigo, pense duas vezes. Esses termos estão em todas as rodinhas de startuppers e da galera que vive o universo digital com naturalidade.

Talvez nada disso aí possa fazer sentido pra você, mas é importante pelo menos saber do que se trata, não? Bem, a maior parte desses termos vem do desenvolvimento de
softwares ou projetos digitais.

A cultura Agile surgiu de um manifesto em 2001, nos EUA, visando um processo mais ágil no desenvolvimento de softwares. A premissa básica da metodologia é o desenvolvimento incremental com foco no cliente, facilitando a coordenação e otimizando recursos.

Menos burocracia e maior capacidade de mudar planos no meio do caminho. Mas o que mais caracteriza o método é o desenvolvimento de tarefas em paralelo, sem obedecer um processo formal de etapas. E isso merece uma reflexão das agências de propaganda.

Aliás, algumas já adotam algo parecido. Ou seja: em vez de esperar o planejamento, desenvolver conceitos e caminhos, a criação, atuar na concepção de linhas e peças, a mídia definir os meios ideais e tudo seguir um desenvolvimento linear, etapa a etapa, o Agile prevê tudo ao mesmo tempo agora.

Todos atuam colaborativamente desde o início do processo, com interações e consequentes contribuições positivas para o todo. Já o Kanban, nascido dentro da Toyota, na década de 1960, volta à tona como um processo facilitador de desenvolvimento de projetos.

O termo Kanban tem tradução literal de “cartão” ou “sinalizador”. Em síntese, cria-se um board com todas as tarefas de uma atividade e os envolvidos usam post-it para sinalizar o status. Os post-it são feitos, a fazer, em desenvolvimento.

O processo é bastante simples e funcional: em uma tabela organizam-se todas as etapas do desenvolvimento, dispostas em colunas, da concepção à produção. Aí são feitas distinções de atividades a fazer, em desenvolvimento, já entregues, bem como estipuladas prioridades.

O próprio time envolvido se encarrega de puxar para si os cards de atividades (User Stories) assim que possível, de acordo com o perfil e o prazo de cada variável da campanha. E, como todos têm acesso compartilhado, fica mais fácil ter uma visão holística de quem está fazendo o quê e quais atividades ainda precisam ser atacadas. Como nosso espaço aqui é finito, vou destacar apenas mais uma metodologia: Smart.

O conceito de Smart é aplicado para definição de metas dentro da metodologia ágil, e estabelece os cinco critérios que devem estar presentes em uma meta: Specific (especificidade); Mensurable (mensurável); Attainable (alcançável); Relevant (relevante) e Time-related (temporal).

O simples fato de ter em mente esse acrônimo Smart ao iniciar um processo de desenvolvimento de uma campanha já vale, não?

Bem, como disse, a sopa de letrinhas é muito mais substancial do que as poucas linhas deste artigo, mas espero ter aguçado seu apetite para mais conhecimento.

Alexis Thuller Pagliarini é superintendente da Fenapro (Federação Nacional das Agências de Propaganda) (alexis@fenapro.org.br)