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O assunto ‘crise’ ainda não se esgotou. Infelizmente. Não saiu das primeiras páginas de jornais, das rodas de amigos, dos assuntos em família. Muito menos deixou o meio profissional e os bate-papos nas máquinas de café das agências. O assunto é real. É atual. E é o nosso principal desafio, pois não sairá da pauta do país tão cedo.

 Com base apenas na visão de analista e gestor, acredito que o fraco desempenho de várias agências diante da crise se deu pela forma como a maioria encarou o momento. Muita gente subestimou as previsões econômicas e não deu a devida atenção para o ano de 2015. Não acredito em falta de profissionalismo ou em gente despreparada. Talvez humildade e mais atenção ajudariam a diminuir o impacto negativo deste ano. Ouvir mais. Discutir mais. Buscar mais as verdades do que os “achismos” ou os improvisos. Porém, o impacto mais negativo não foi somente na saúde econômica ou financeira das agências, mas no nosso principal ativo: gente.

 Quando perdemos gente, perdemos o poder de resposta, o poder de relevância. Há cerca de um mês, escrevi um artigo publicado aqui mesmo, no propmark, sobre Transformação, Crise e Relevância. Abordei, em rápidas palavras, que o momento ajudaria a dar relevância às agências, aquelas de “verdade”, dando reais condições para que apresentassem soluções para o momento de crise que estamos vivendo no Brasil. Leia-se: para os clientes.

Continuo acreditando que as agências com propostas relevantes se sobressairão às outras, ou seja, ganharão espaço neste momento difícil e poderão minimizar os problemas gerados pela crise. A prática tem me mostrado que a busca da relevância, seja na relação entre cliente e agência, ou mesmo na busca de prospects, é o caminho para superar a crise. Mas, para isso, precisamos de gente! Gente capacitada, com experiência e com talento.

 Infelizmente, o mercado errou. Não entendeu bem as previsões da economia. Subestimou 2015. E isso levou muita gente para a rua. Demissões. Não cabe julgar neste momento se o erro de avaliação foi dos especialistas da área financeira, que trabalham e compõem o nosso mercado, ou, simplesmente, de nós publicitários. Fica o dever de casa. Cabe o questionamento e a pergunta interna. A resposta virá, automaticamente, caso a caso. É um exercício de humildade e aprendizado para os próximos anos. Podemos diminuir estruturas, regalias e margens, mas não podemos abrir mão de quem nos dá relevância: o profissional.

Flávio Martino é diretor associado e responsável pela unidade Rio de Janeiro da Giacometti