Pensa em uma agência inovadora e diferente. A AKQA é um bom exemplo do que não é uma agência tradicional. O escritório em São Paulo foi aberto em junho de 2014 e, aos poucos, vem mostrando a que veio realmente. Para começar, apesar do modelo de publicidade no Brasil contemplar criação e mídia dentro das agências, a AKQA – que pertence ao grupo de comunicação WPP – não compra mídia por aqui.
“A gente se propõe a não ser uma agência de publicidade, digital, mas sim uma agência de ideias, independentemente de como essa ideia vai ser executada. A principal diferença que facilita muito é não ter a mídia dentro. A gente não compra mídia. Quando você tira isso, vê que tem muito a ser explorado. A execução pode ser a criação de um restaurante para uma marca, por exemplo”, conta Diego Machado, que comanda a operação em São Paulo ao lado do também diretor de criação Hugo Veiga. Ex-Ogilvy São Paulo, os criativos participaram do desenvolvimento do premiado case Retratos da real beleza para Dove.
Uma campanha recente que envolveu mídia com criação da AKQA foi desenvolvida para o Google. Neste caso, a compra de mídia foi feita pela F/Nazca Saatchi & Saatchi. “Dá um Google foi toda criada pela AKQA e a compra de mídia offline foi feita pela F/Nazca. Óbvio que a gente tem a nossa inteligência de mídia, nosso direcionamento, mas não fazemos a compra efetivamente, porque senão o negócio da agência acaba virando a compra de mídia e não a criação. A gente acredita que para fazer projetos diferentes, inovadores, você tem de focar em ser pago por esses projetos e não pela veiculação deles”, opina o criativo.
“Acho que isso acaba atraindo clientes que também têm esse pensamento de focar em ideias inovadoras e não necessariamente no plano de mídia. É um pouco mais solto. Temos a Netflix e o Google, por exemplo, que entendem o valor de trabalhar por hora, por job. A gente acaba trabalhando muito em projetos específicos também, inclusive com outros escritórios da AKQA no mundo”, completa o criativo.
Questionado sobre como foi sair de uma agência tradicional para entrar na AKQA, ele conta que foi um choque no início. “A gente foi passar um ano fora para conhecer vários escritórios da AKQA no mundo, como Londres, Paris, Nova York e São Francisco. O primeiro dia, a gente passou só andando na criação de Londres conhecendo os projetos que nunca pensei que poderiam estar dentro de uma agência. Tinha uns 20 projetos globais da Nike, projetos enormes da Levi’s e do Google. A parte principal foi conhecer pessoalmente os talentos-chaves e passar a ter uma relação bem próxima com eles. Essa troca foi bem importante nessa transição de sair de uma agência tradicional e entrar na AKQA”, destaca ele.
No ano passado, a AKQA São Paulo conquistou nada menos do que quatro Leões em Cannes. O case premiado foi Don’t Look Away, criado para o cantor pop Usher. Disruptivo, o trabalho ganhou ouro em Entertainment Lions for Music e três bronzes: em Film, Media e Radio. A ideia foi lançar a música exclusivamente no site chains.tidal.com. Utilizando uma tecnologia de reconhecimento facial, a pessoa só conseguia ouvir o som olhando para o vídeo, que mostra os rostos e histórias de negros vítimas da violência. Se a pessoa desviar o olhar, a música para de tocar.
Don’t Look Away é um dos exemplos de trabalhos globais criados pela AKQA em São Paulo. “A gente sempre trabalha em conjunto com outros escritórios da AKQA, como Londres e Nova York. Estamos sempre conectados”, observa o criativo.
Quer mais exemplos de como a agência é diferente? A própria sede da AKQA em São Paulo é um deles. Conhecida como a AKQA Casa, instalada na Vila Madalena, ela já ganhou prêmio de arquitetura e abriu suas portas para abrigar startups, como a startup portuguesa de tecnologia Jack the Maker, e eventos em geral. “Estamos em um momento muito bom, com crescimento e vários projetos”, ressalta Machado.