Em 2010, uma época na qual o mercado de smartphones ainda se desenvolvia, nascia a Adsmovil, empresa colombiana que oferece soluções de publicidade móvel na América Latina e Estados Unidos. Com o passar dos anos e o crescimento da relevância do mobile para as marcas, a empresa refinou sua plataforma e vem se dedicando ao desenvolvimento de projetos diferenciados, como a integração de anúncios com a plataforma Rappi. Ao PROPMARK, o CEO e fundador da Adsmovil, Alberto Pardo, falou sobre a operação da empresa, contou sobre as possibilidades de sua plataforma e refletiu a respeito do futuro do setor em relação à propriedade de dados.
OPERAÇÃO
Em 2008, eu passei a prestar mais atenção ao fenômeno dos smartphones nos Estados Unidos. Então decidi abrir uma empresa que ofereceria soluções de publicidade para smartphones. A Adsmovil foi fundada em 2010, na Colômbia. Comecei em um escritório com duas pessoas e um investimento pessoal de US$ 500 mil. Naquele momento, muitos sites nem eram adaptados ao mobile, então desenvolvemos uma ferramenta que ajudava os publishers a fazer uma conversão para depois incluirmos publicidade nesses sites. Em um ano, a operação já havia se pagado e estava gerando lucro. Hoje atuamos na Colômbia, México, Argentina, nos Estados Unidos (com foco nos mercados hispânicos) e chegamos ao Brasil em janeiro de 2013. Por aqui, o foco são os grandes anunciantes, mas nosso trabalho é realizado com intermédio das agências. Para nós, um dos pontos mais importantes sobre a empresa, é que, atualmente, 97% da companhia é formada por mulheres, inclusive nos cargos de liderança.
NOVOS PROJETOS
No ano passado, trouxemos ao Brasil uma ferramenta de veiculação que mostra apenas vídeos inteiros de 30 segundos em HD e tela cheia. A ferramenta leva em conta não só o perfil, mas a geolocalização, e já conta com todas as soluções de segurança e privacidade. Por ser completo, estamos crescendo muito com ele por aqui. Recentemente, há cerca de dois meses, lançamos uma solução futurista e programática em parceria com o Rappi. É a primeira vez que uma last mile faz, na América Latina, um modelo publicitário de mídia programática. Para aumentar o alcance dessa ferramenta, que já é muito grande, a conectamos com a publicidade por meio da plataforma da Adsmovil. A partir de agora, um anunciante pode conectar suas peças ao Rappi; então, a plataforma já me diz se aquele local tem cobertura do app, se tem entregador e se há produto em estoque. Dessa forma, o usuário pode já fazer a compra em dois cliques: um no banner e outro no check out do Rappi, sem passar pelo app. Você clicar em uma publicidade e fazer a compra já é algo que existe. Mas você clicar, comprar e receber em até uma hora sem taxa de entrega é disrupção total. As duas primeiras marcas a apostar nesse modelo foram Coca-Cola e McDonald’s.
PRIVACIDADE
A Adsmovil já segue o padrão europeu e agora estamos estudando para entender se será necessário realizar alguma adaptação para a lei brasileira que entra em vigor no próximo ano. Já temos dispositivos antifraude, ferramentas de viewability e Nielsen plugadas às nossas plataformas. Existe um limite tênue entre o que é certo e o que não é. A legislação é muito mais restritiva e a favor do usuário – como tem de ser. Os dados são do usuário, mas é a indústria que faz dinheiro com essas informações. Algumas tecnologias, como o blockchain, já permitem rastrear a quem pertence determinado dado, e caso essa informação seja usada em alguma campanha, essa pessoa deveria receber por isso. Pode ser dinheiro, dinheiro digital ou pontos, como em programas de fidelidade, que podem ser trocados por bônus, serviços e produtos. Isso deve começar a movimentar a economia digital. Estamos seriamente contemplando o desenvolvimento de um sistema para isso, mas algumas tecnologias ainda precisam avançar um pouco mais para que essa ideia seja viabilizada.
FUTURO
A publicidade mobile vai explodir, mas ela ainda enfrenta várias barreiras. Uma delas é a velocidade da banda larga, que tem necessidade de ser mais rápida. Também precisa haver mais conteúdo que exista exclusivamente no mobile para mudar o mindset do usuário. O dinheiro da publicidade segue aos usuários, e os anunciantes cada vez mais migram o investimento para o digital. Por isso eu acredito que, num futuro próximo, o mobile será o digital.