O lendário publicitário Alex Periscinoto morreu neste domingo (17) aos 95 anos. Ele foi vítima de complicações da Covid-19. O profissional faria 96 anos em abril.

Ao longo de sua carreira, ele dirigiu a comunicação da rede de varejo Mappin e foi sócio da Almap lá no seu início, junto a José de Alcântara Machado e Otto Scherb, e deixou a agência em 1997. Sua última atividade profissional foi na consultoria SPGA, especializada em concorrências de publicidade para o mercado anunciante.

Periscinoto foi o primeiro jurado brasileiro do Festival Internacional do Filme Publicitário, hoje Cannes Lions, em 1973.

Em junho de 2013, em depoimento ao PROPMARK ele comentou que sua carreira profissional tem dois marcos importantes. “O primeiro deles foi quando visitei a DDB em Nova York no ano de 1958, no momento que a campanha ‘Think small’, para a Volkswagen, tinha sido concebida. Na reunião com Bill fiz muitas perguntas e ouvi tudo muito atentamente. Ensinamentos que trouxe para a Almap no início dos anos 1960, quando fui contratado para dirigir o departamento de criação a convite de José de Alcântara Machado e Otto Scherb. Ajudei a Almap a ganhar uma concorrência feita pela Volkswagen e, claro, coloquei em prática tudo que vi na DDB, mas com tempero da ‘erva brasilis’. O outro choque cultural que tive na minha carreira foi quando fui convidado pelos representantes do Festival Internacional do Filme Publicitário, hoje Cannes Lions, para integrar o corpo de jurados em 1973. Fui o primeiro brasileiro a ser distinguido como membro do júri nesse evento que comecei a frequentar na década de 60, ora em Veneza, ora em Cannes”, disse.

Segundo ele, Cannes foi um autêntico MBA para sua carreira. “Ali aprendi o que nenhuma escola vai conseguir expor para seus alunos. Um mix de prática e teoria ao vivo com boas risadas, boa comida e boa bebida. Tenho certeza absoluta de que o festival é uma espécie de divisor de águas. Quem vai a Cannes pela primeira vez volta outro. A visão sobre a publicidade muda e novos manejos da profissão ficam perceptíveis e muito mais ágeis”, afirmou.

Ainda falando sobre o festival, ele disse que esse enriquecimento é sintomático e quem ganha com isso é o mercado como um todo. Confira a íntegra do depoimento concedido ao editor Paulo Macedo.