Braço do Grupo Allianz SE para serviços de assistência 24h (residencial, automóvel e saúde) e seguro viagem, a Allianz Partners enxerga oportunidades no setor. O diretor de marketing, Carlos Cortez, afirma que, apesar da penetração de seguros ainda ser baixa no país, o brasileiro está fazendo mais na hora de viajar, impulsionando o crescimento de 30% da empresa no ano – o setor cresceu 21%. A aquisição do naming rights da Arena Palmeiras pela seguradora contribuiu para gerar awareness para a marca. Nesta entrevista, o executivo fala também sobre a comunicação e as novidades da Allianz, como a possibilidade de fazer uma teleconferência com um médico no Brasil estando fora do país, em caso de dificuldades do paciente com o idioma. “O médico pode fazer à distância a prescrição do remédio, caso o medicamento seja controlado”. Confira a seguir.
Qual é o retorno para a marca com o naming rights da Allianz na Arena Palmeiras?
Foi o maior investimento em marketing do grupo no Brasil e sem dúvida contribuiu muito para gerar conhecimento da marca Allianz no país. Fez muita diferença e a marca vem crescendo bastante. O Grupo Allianz SE, multinacional de produtos financeiros e seguros, tem vários negócios. A Allianz é a empresa do grupo mais relacionada, de fato, ao investimento no Allianz Parque, porque a seguradora é o maior negócio da holding em todos os países. A Allianz Partners é um braço do Grupo Allianz focado em serviços. Por exemplo, quando uma pessoa contrata um seguro auto, residencial com a Allianz Seguros, quem faz todo o serviço é a Allianz Partners.
Qual é o foco da empresa?
O nosso foco é o seguro viagem. De acordo com a Susep (Superintendência de Seguros Privados), a Allianz tem crescido 30% ao ano. É a segunda marca mais importante na área de seguro viagem. Dentro do grupo, quem explora seguro viagem é a Allianz Partners, com a marca Allianz Travel.
Como é a atuação da Allianz Partners nas outras áreas?
A gente atua em toda a parte de assistência para os segurados. Para o seguro auto, por exemplo, toda parte de guinchos e mecânicos é feita pela Allianz Partners. No seguro residencial, é a mesma coisa. A Allianz vende o seguro e nós prestamos os serviços.
Por que o brasileiro não adquiriu o hábito de comprar seguro viagem?
Comparativamente, em geral, o brasileiro não tem muita cultura de contratar seguros. Ele faz um pouco mais o seguro de automóvel, por questão de segurança, e saúde, em função da saúde pública. Mas, pensando em cultura de contratação de seguro, o brasileiro não tem porque envolve questão de planejamento, de pensar em futuro, que nós brasileiros não temos. A penetração dos seguros é muito baixa, a de carros, que é a mais alta, é só de um terço da população.
Como é a penetração do seguro viagem no Brasil?
Não existe um dado oficial, mas existe uma estimativa de 12% a 14% de penetração. Realmente é muito baixo em relação a outros países. Na Europa, por exemplo, tem países com 70% de penetração. Os americanos não saem sem contratar um seguro. Aliás, eles não fazem nada sem seguro. É uma outra cultura.
É um mercado que tem muito a crescer e explorar ainda no país.
Sem dúvida. A gente fala que o brasileiro começou mesmo a viajar para fora recentemente. Com isso, ele está descobrindo também outros produtos relacionados. O seguro viagem é um deles. O brasileiro começou a se preocupar mais em comprar seguro viagem. Até porque está fazendo mais viagens e quando tem algum problema, e vê o custo que é lá fora, entende que é melhor fazer um seguro. Por isso, a categoria está crescendo bastante no país.
Como foi 2019?
O ano foi bastante desafiador, mas ainda assim crescemos 30%, enquanto o setor de seguro saúde cresceu 21%. Então, a categoria tem crescido como um todo. Esse novo olhar do brasileiro sobre a importância de contratar um seguro ao fazer uma viagem internacional tem impulsionado o segmento.
O que vocês têm feito em comunicação e marketing?
Em julho, para as férias, lançamos a campanha Allianz Travel, seguro é ter um. A gente tem investido bastante em mídias digitais. O mercado de seguro viagem está muito ligado ao digital, à compra online. Então, por isso, temos um foco de investimento de marketing importante em mídias sociais, display etc. A gente faz também campanha em aeroportos, pois muitas vezes o brasileiro contrata seguro viagem de última hora mesmo, no próprio check-in.
Por quê?
Muitas vezes, a atendente informa para o passageiro que está indo para a Europa, por exemplo, que chegando lá ele pode ser questionado sobre seguro viagem, e a pessoa que não tem corre para comprar o seguro.
Como são as ações nos aeroportos?
Temos algumas ações nos aeroportos de Guarulhos e Galeão com patrocínio de internet, ou então os 30 minutos de acesso grátis. Também conseguimos enviar pushs via geolocalização de quando a pessoa está no terminal do aeroporto e oferecer o seguro viagem. Toda a compra do seguro viagem da Allianz Travel é feita online.
Com qual agência vocês trabalham?
Com a Jüssi, nossa parceira há pelo menos cinco anos. A Jüssi faz parte do WPP, com quem já tínhamos um alinhamento com a Ogilvy no Brasil.
A Allianz Travel nunca fez campanha offline?
Já chegamos a fazer, um pouco de OOH e revistas, quando a Abril tinha força com a Revista Viagem e Turismo, mas hoje está mais no digital mesmo. Como a compra, no nosso caso, está toda ligada no digital, focamos muito em performance. E quando a gente fala em criar awareness, vamos para as mídias sociais. O boca a boca sobre a importância do seguro viagem é um fator muito relevante. E investimos também em influenciadores. Há muitos influenciadores digitais que viajaram e tiveram experiência negativa porque precisavam de algum auxílio. A gente aproveita o crowdsourcing de experiências para fazer com que essa comunicação sobre a importância de contratar um seguro chegue ao cliente.
Investir em influenciadores dá um bom retorno? Que tipo de ações vocês fazem com eles?
Temos uma relação mais próxima com alguns influenciadores mais ligados à viagem, com quem fazemos ações específicas. Para o show de Sandy & Júnior no Allianz Parque, por exemplo, levamos 11 influenciadores para o camarote da Allianz, para falar da marca, da importância de contratar seguro viagem, nessa linha.
Quais são os seus maiores desafios à frente do marketing?
Uma das coisas é fortalecer a marca Allianz, manter o ritmo de crescimento, fazer a categoria de seguro viagem crescer. Tão importante quanto a marca, é fazer a categoria crescer para que seja realmente relevante. Sou responsável pela América Latina também.
Como está o Brasil dentro do Grupo Allianz SE?
É o sétimo mercado em seguro viagem. Já quando a gente fala sobre venda de seguro viagem no canal digital, o Brasil é o quarto país, atrás dos Estados Unidos, Austrália e Alemanha. A gente aproveita também desse hábito do brasileiro de comprar online e vê uma participação bem relevante no e-commerce. É uma grande oportunidade.
Quais são os concorrentes?
O mercado de seguro viagem é bem pulverizado. São vários players, com dez deles sendo mais relevantes. Nós somos a segunda maior empresa, com 12% de participação. Temos crescido muito rápido, além da nossa expectativa.
A que vocês atribuem esse rápido crescimento da Allianz na área de seguro viagem?
São vários fatores, sem dúvida, o aumento do reconhecimento à marca Allianz tem ajudado bastante e também as novidades que temos trazido para o mercado com lançamento de produtos, como o seguro de viagem anual. Se o passageiro é frequente, viaja mais de três vezes ao ano, a trabalho ou a lazer, é possível fazer um plano anual, que é muito mais cômodo e às vezes mais econômico, dependendo da quantidade de viagem. Outra ideia também é melhorar a experiência do cliente para a compra e também quando precisa da assistência. Hoje, por exemplo, temos a telemedicina. Às vezes, uma dificuldade do brasileiro é estar em outro país e não falar o idioma. A pessoa está na França e não fala francês. Como fazer? Como vou falar com o médico, como faço? Para isso, temos a telemedicina. Hoje é possível fazer uma teleconferência do quarto do hotel com um médico do Einstein, que é um dos nossos parceiros. O médico pode fazer, à distância, a prescrição do remédio, caso o medicamento seja controlado.
Como é a linha de comunicação da marca?
Ninguém fecha uma viagem pensando que vai acontecer algo ruim. Por isso, a gente tenta usar um pouco o humor na campanha, falar de uma forma mais lúdica, um pouco mais divertida. Isso é algo bem característico de todo o setor de seguros.
Vocês fazem seguro viagem para destinos nacionais?
Foi muito bom você ter tocado nesse assunto, porque existe uma grande parcela da população que é atendida em planos regionais e não tem cobertura do plano de saúde quando viaja para outros estados. Então, existe bastante venda de seguro viagem para destinos dentro do Brasil. A gente vende, sim. Representa quase 10% do nosso volume.