Há quase 30 anos no mercado e com mais de 25 lojas, a Alô Bebê dá continuidade ao seu plano de expansão pelo país. Nesta entrevista, o diretor de marketing da empresa, Milton Bueno, conta como a rede pretende chegar a outros Estados e continuar crescendo, mesmo em um momento de retração econômica. Atualmente, a empresa está presente em São Paulo, Campinas, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro, Goiânia, Uberlândia e Joinville, entre outros. As lojas contam com oito mil itens e atendem crianças de 0 a 12 anos, com produtos como vestuário, calçados e fraldas.
A Alô Bebê está há quase 30 anos no mercado. O que mudou no mercado neste tempo?
O segmento cresceu consideravelmente e foi bastante impulsionado pela expansão da Alô Bebê. A rede começou com um loja na Rua João Cachoeira, no Itaim Bibi, e, logo depois, começou a abrir novas unidades em vários outros pontos da cidade. Hoje, já temos 26 lojas.
Qual era o perfil das lojas naquela época?
Quando começamos, o principal foco era a venda de fraldas descartáveis, que estavam chegando ao Brasil. Hoje em dia o perfil é bastante diferente, já que atuamos com itens de segurança, confecção, brinquedos, calçados, livros, além das fraldas, que estão cada vez mais sofisticadas e continuam tendo grande importância na rede.
Existe um concorrente direto?
Não temos um competidor específico, todos os estabelecimentos que trabalham com algum desses itens acabam sendo concorrentes, até as farmácias, por exemplo.
Como se diferenciar neste mercado com diferentes players?
Primeiro é ter um atendimento diferenciado. Temos vendedoras capacitadas que auxiliam as mães o tempo todo nas suas escolhas. Aliás, não só as mães, mas as avós, tias, amigas e madrinhas, que frequentam muito nossas lojas. Além disso, a diversidade de produtos acaba sendo um diferencial importante também. Atuamos como um shopping de bebês, onde as consumidoras podem encontrar tudo o que precisam em um só lugar.
Hoje são quantos artigos nas lojas?
Cerca de 8 mil itens. São produtos para bebês e para crianças de até dez anos.
A empresa tem um carro-chefe?
Alguns produtos são destaque, mas varia de acordo com o momento. Quando o uso das cadeirinhas de segurança para automóveis se tornou obrigatório, por exemplo, houve um aumento significativo nas vendas. Mas itens como cadeirão, banheira, berço desmontável, que têm um valor agregado maior, acabam sendo reponsáveis pela maior parte do faturamento.
A rede é voltada para algum público específico?
A maior parte do nosso público é B, mas não existe uma segmentação planejada, trabalhamos para atender todos os consumidores. Realizamos, por exemplo, duas liquidações por ano que oferecem 40% de descontos nos produtos. O evento acaba atraindo principalmente a classe C, que busca preços mais acessíveis em suas compras.
Que retorno as liquidações trazem para as lojas?
Temos um aumento expressivo nas vendas, tanto em volume quanto em valor. Mas é importante lembrar que os descontos valem apenas para vestuário e calçados. Os demais produtos só têm as mesmas facilidades de pagamento.
Qual o crescimento da rede com as liquidações?
Não revelamos faturamento, mas posso dizer que, em volume, crescemos cerca de 50%.
Quanto tempo duram as liquidações?
Cerca de dez dias cada uma, mas estamos repensando esse tempo porque no quarto dia os produtos já foram quase todos vendidos e algumas mães ficam frustradas porque acabam não conseguindo participar.
Esse mercado tem alguma outra sazonalidade?
Este ramo é linear, não tem grandes picos, já que temos crianças nascendo o ano inteiro, mas temos um aumento de vendas em janeiro, por conta das férias. As mães procuram comprar mais produtos quando vão viajar para não faltar nada para a criança.
Como a empresa trabalha a comunicação?
Em 2000, começamos uma grande mudança na empresa, com a chegada da Rái. Mudamos a identidade visual, a conunicação das lojas e até o posicionamento da marca. Passamos a trabalhar como uma rede.
Atualmente, como a empresa trabalha a divulgação da rede?
Investimos, principalmente, em campanhas em revistas especializadas, merchandising e embalagens. Mas, dependendo da região em que pretendemos anunciar, mudamos a estratégia. Agora, por exemplo, como começamos expandir nossa rede para fora de São Paulo, estamos apostamos em outras frentes, como é o caso da televisão em cidades do interior de São Paulo. No Sul, o rádio tem um apelo mais forte e, no Rio de Janeiro, optamos pelo jornal.
Quando começou a expansão da rede?
Até 2002, a Alô Bebê possuía lojas somente na região metropolitana de São Paulo. Foi neste ano que a rede inaugurou a primeira unidade fora da capital paulista, em Campinas, interior de São Paulo. A unidade foi reinaugurada recentemente para melhorar e otimizar o atendimento aos clientes. Em 2010, abrimos nossa loja em Ribeirão Preto e a resposta dos clientes tem sido bastante satisfatória. Hoje somos referência na região quando o assunto é produtos para bebês, crianças e mamães. Já em 2013, inauguramo uma unidade no Rio de Janeiro, primeira megastore fora do Estado de São Paulo, fato que foi um verdadeiro marco para a história da rede.
Por que escolheram o Rio de Janeiro como primeira loja fora do Estado?
Escolhemos a capital carioca por seu potencial econômico e também por ser um ponto estratégico, onde a procura por artigos infantis é grande.
A rede pretende inaugurar outras unidades ainda neste ano?
Vamos inaugurar mais três lojas até o fim do ano, assim como aconteceu em 2014. No ano passado, continuamos a seguir nosso plano de expansão para outros locais do Brasil e chegamos ao Centro-Oeste com uma unidade em Goiânia. A loja, assim como a do Rio de Janeiro e a de Campinas, está localizada no Shopping Dom Pedro e faz sucesso entre os clientes da região. Ainda em 2014, a Alô Bebê abriu uma unidade em Uberlândia (MG).
A marca pretende chegar em outros Estados?
Com certeza vamos avançar para outras regiões. Além das cidades já citadas, a Alô Bebê também já está presente em Joinville e no Balneário Camboriú, em Santa Catarina. O plano é consolidar a marca em todo o Brasil, atuando principalmente em grandes centros e também em shoppings centers renomados e de grande fluxo de pessoas para aumentar sua identificação com o cliente e o reconhecimento da marca.
Por que a empresa resolveu expandir sua atuação depois de mais de dez anos no mercado?
Queríamos já estar consolidados em São Paulo, com um conhecimento suficiente para atender novos mercados. Quando nós decidimos dar esse passo, percebemos que existia uma vontade grande de outras regiões em ter a Alô Bebê e resolvemos apostar nisso. Percebemos que a rede já era conhecida em outros lugares, mesmo não tendo uma loja física.
A rede trabalha com franquias?
A companhia não possui franquias, todas as nossas lojas são próprias.
Como a empresa trabalha o comércio eletrônico?
O e-commerce da Alô Bebê existe desde 1999 e o faturamento é equivalente ao de uma das lojas físicas da rede. As compras são entregues em todo o território nacional. Temos um grande acesso principalmente em regiões onde ainda não chegamos com lojas físicas, como o Norte e o Nordeste. Uma das novidades do negócio é que agora é possível adquirir peças de vestuário e, mais futuramente, calçados.
Existe uma expectativa de crescimento de vendas pela internet para este ano?
Devemos ter um crescimento nas vendas online de 20%, acompanhando o aumento de vendas também nas unidades físicas da rede. Vale ressaltar que o sucesso do comércio eletrônico fez com que a rede ampliasse sua infraestrutura em março de 2013, inaugurando o Centro de Distribuição exclusivo para vendas online, com cerca de mil metros quadrados.
Qual a expectativa de crescimento de faturamento da rede para este ano?
Apesar de ser um ano de apreensão e expectativa, cujo principal objetivo é manter a cabeça fora d´água, a Alô Bebê prevê um crescimento de 5% em seu faturamento em relação ao ano passado. A ideia da empresa é continuar o processo de expansão, abrindo novas unidades nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. Para 2016, a meta é ter um crescimento no mesmo nível. Só para os próximos anos que acreditamos que haverá uma mudança de cenário e as empresas, de uma forma geral, conseguirão virar o jogo, com a retomada do crescimento do país.
O ano passado foi bom para a rede?
Mesmo com um ano economicamente não tão bom para a economia, a Alô Bebê teve um crescimento razoável, cerca de 8%.