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A essência do rádio, independentemente se em frequência AM ou FM, ou mais recentemente na internet, é a prestação de serviço. “O rádio agora é ainda mais forte por causa do digital. É a rede social mais velha que existe. O rádio já faz isso de estar junto com o ouvinte há anos”, explica João Oliver, professor do curso de publicidade e propaganda da ESPM.

Segundo o professor, que sempre trabalhou na área de mídia e é um fã confesso do meio, o rádio foi o que melhor se adaptou ao digital. “Se antes as pessoas iam na rádio, agora elas podem participar pelo WhatsApp, falar com o âncora pelo telefone, assistir pelos sites”, complementa Oliver.

Embora ainda haja uma diferenciação entre AM e FM, a tendência parece ser elas se complementarem. “A faixa AM ainda vejo como um espaço mais popular e com mais notícias. Mas a intenção das duas, AM e FM, é integrar o digital”, afirma Oliver.

Os grupos de comunicação estão aproveitando esse momento para oferecer cada vez mais prestação de serviço. “É possível estar real time o tempo inteiro. Uma rádio pode estar transmitindo um jogo de futebol na AM, outro na FM e outra programação no digital”, exemplifica Oliver.

Uma das emissoras que estão apostando na evolução do rádio é a Jovem Pan. “Houve a união entre AM e FM nos principais programas, como Jornal da Manhã, Morning Show, Pingos nos Is e no futebol. Essa união nos trouxe a liderança entre as emissoras que transmitem notícias e esporte”, afirma Tutinha Carvalho, presidente da Jovem Pan. De acordo com Carvalho, na rádio, o conteúdo é muito ligado à internet. “Mas é dividido entre frequência AM, com notícias, esporte e entretenimento; e FM, mais voltado a conteúdos musicais, entretenimento e notícias”, conta.

Migração
A diferenciação entre características de AM e FM perdeu ainda mais espaço com a possibilidade de as emissoras trocarem de faixa AM para FM. “Para a publicidade essa mudança não causou diferença. O que importa é o canal em si”, conta Oliver.

Há três anos, a então presidente Dilma Rousseff assinou o decreto que permitiu a migração das emissoras que estão na faixa AM para FM. A cerimônia foi realizada em 7 de novembro de 2013, quando é comemorado o Dia do Radialista. A portaria que regulamentou a migração do rádio AM para a faixa de FM foi assinada em março do ano seguinte.

A primeira rádio a fazer a migração da faixa AM para FM foi a Progresso, de Juazeiro do Norte (CE), em março deste ano, quando passou a ser transmitida na frequência 97,9 FM.

Um dos principais motivos para permitir a migração é reduzir os problemas enfrentados pelas emissoras que sofrem interferência na faixa AM. Nas cidades grandes, principalmente, é mais difícil captar o sinal sem interferência. Na faixa FM, a qualidade é melhor. No entanto, o alcance é menor, por isso, não é a solução para rádios que querem atingir uma área maior.

Ao todo, 1.388 das 1.781 rádios AM brasileiras pediram a migração para a faixa FM até agora. Dessas, 390 dependem do desligamento da TV analógica, que será realizado totalmente até o fim de 2018, para fazer a migração na faixa estendida, que atualmente é ocupada pelos canais 5 e 6 da televisão analógica.

Segundo o presidente da Jovem Pan, praticamente todas as emissoras de São Paulo vão migrar do AM para o FM. “A Jovem Pan está se preparando para isso. Estamos trocando os nossos equipamentos e migrando para o digital. Terá de haver uma grande renovação técnica em toda a rádio. Temos a ideia de fazer a Jovem Pan AM se transformar em FM com a mesma programação e a FM com uma programação nova, diferenciada das concorrentes. São mudanças que ainda estão sendo ajustadas”, explica.

Desafios
Para Oliver, um dos desafios mais importantes do meio é saber vender sua importância. “É incrível essa credibilidade que ele tem aliada a esse emocional, de acompanhar as pessoas no dia a dia… Se continuar falando com todo mundo dessa maneira, tem tudo para continuar bem”, conta o professor. Oliver dá uma dica às emissoras. “O rádio tem de falar mais o quanto é bom. Falta a mídia se vender mais”, opina.
Outro desafio é se adaptar ao novo público. “O rádio precisa aprender como falar com os Millennials. Tem de mostrar a sua relevância e assumir mais o papel de protagonista”, afirma.

Segundo Carvalho, a maneira como a informação é distribuída será o menos importante para o meio. “O futuro do rádio é o conteúdo, seja de entretenimento, notícias, esporte, cultural ou musical. O que muda é a maneira como os ouvintes vão ter acesso a este conteúdo, seja no iPad, celular, computador ou rádio. Eles vão escolher. Criamos um outro componente, o app Opinião Pan, partindo do princípio que as notícias do fim do dia são praticamente as mesmas da manhã e a opinião do ouvinte passa a ser o fator mais relevante. Esse vai ser o nosso investimento no futuro, muitos comentaristas com opiniões próprias e divergentes, o que dá ao ouvinte a possibilidade de tirar as próprias conclusões”, fala Carvalho.