Segundo o New York Times, livros de temática LGBTQIAP+ foram removidos e cerca de 150 palavras-chaves foram ocultadas

A Amazon foi pressionada pelo governo dos Emirados Árabes Unidos a restringir os resultados de pesquisas relacionadas a produtos LGBTQIAP+. A notícia foi dada pelo The New York Times.

De acordo com a publicação, alguns livros de temática LGBTQIAP+ foram removidos das vendas e cerca de 150 palavras-chaves relacionadas ao tema também foram ocultadas no país onde ter relacionamentos com pessoas do mesmo sexo é ilegal e punível com multas e prisões.

Segundo o NYT, entre as palavras ocultadas estão “lgbtq” e “orgulho”, assim como consultas direcionadas como “bandeira transgênero” e “faixas de peito para lésbicas”.

“Como empresa, continuamos comprometidos com a diversidade, equidade e inclusão, e acreditamos que os direitos das pessoas LGBTQ+ devem ser protegidos. Com as lojas da Amazon em todo o mundo, também devemos cumprir as leis e regulamentos locais dos países em que operamos”, afirmou Nicole Pampe, porta-voz da Amazon ao jornal.

A restrição vem em uma esteira que questões envolvendo a comunidade LGBTQIAP+ no local que será a sede da Copa do Mundo de 2022. O Catar proibiu bandeiras da comunidade.

Segundo o major-general Abdulaziz Abdullah Al Ansari, o militar que ocupa o posto mais alto nas forças de segurança do país, a proibição foi imposta para a "segurança das pessoas LGBTQIAP+".

“Se um torcedor levantou a bandeira do arco-íris e eu a peguei dele, não é porque eu quero insultá-lo, mas sim para protegê-lo. Porque se não for eu, alguém ao redor dele pode atacá-lo", pontuou o general durante uma entrevista à agência Associated Press. "Não posso garantir o comportamento de todo o povo. E eu direi a ele: 'Por favor, não há necessidade de levantar essa bandeira neste momento’”, completou.

O general também pediu para que os ativistas da causa não se posicionassem sobre o assunto durante a Copa do Mundo. “Você quer demonstrar sua visão sobre o movimento, demonstre-a em uma sociedade onde ela será aceita. Assista ao jogo. Isso é bom. Mas não venha e insulte toda a sociedade por causa disso”, afirmou.

Em dezembro de 2021, o comitê organizador do evento afirmou que o público LGBTQIAP+ será bem-vindo, mas que trocas públicas de carinho devem ser evitadas.

Na época, o líder do grupo, Nasser Al Khater, declarou que "ninguém se sente inseguro" no país e fez menção ao jogador australiano Joahua Cavalho, assumidamente gay, durante uma entrevista à CNN. O jogador teria afirmado que estava "com medo" de jogar no país que sediará a Copa do Mundo.

"Joshua Cavallo será bem-vindo no Catar. Ninguém se sente ameaçado ou inseguro aqui. Nós somos um país acolhedor, tolerante e hospitaleiro, todos são bem-vindos aqui", declarou Nasser na época.

Apesar da afirmação, o dirigente também ressaltou que o país possui uma postura rígida em relação às demonstrações públicas de carinho e que, "tirando isso, cada um pode viver sua própria vida", "Só pedimos aos torcedores que respeitem", afirmou o Al Khater.