Detentora das marcas Starbucks, Eataly e Subway, SouthRock declarou dívida de quase R$ 2 bilhões

O mercado, mais uma vez, foi pego na semana passada com a notícia de outro pedido de recuperação judicial. Dessa vez, foi o Grupo SouthRock — detentora das marcas Starbucks, Subway e Eataly — que declarou uma dívida de R$ 1,8 bilhão.

Em nota à imprensa, a empresa disse que, além da pandemia de Covid-19, os desafios econômicos no Brasil, como a inflação e taxas de juros elevadas, agravaram a situação dos varejistas, 'incluindo a SouthRock'.

"A SouthRock solicitou Recuperação Judicial para proteger financeiramente algumas de suas operações no Brasil atrelado a decisões estratégicas para ajustar seu modelo de negócio à atual realidade econômica", informou parte da nota.

O Grupo SouthRock explicou também que a marca Subway não faz parte do pedido de recuperação judicial. "Em relação às demais marcas do portfólio da empresa, incluindo a Starbucks, a SouthRock segue operando-as no mercado brasileiro".

A SouthRock entrou para a lista de importantes players do mercado que pediram recuperação judicial em 2023 — Americanas, Grupo Petrópolis, Maxmilhas e 123 Milhas foram algumas das empresas.

Levantamento da Serasa Experian mostrou que, apenas no primeiro semestre de 2023, 593 empresas pediram recuperação judicial, um número 52% maior que o do mesmo período do ano passado: 390 pedidos.

Juros altos
José Sarkis, professor do curso de Administração da FAAP, reconhece o aumento da proteção judicial e diz que, não por acaso, o fato se deve muito pela mudança de mercado.

"Durante a pandemia a taxa Selic chegou em seu menor patamar da história e, em menos de três anos, antes ainda que algumas companhias de fato ainda tivessem retomado seu caixa, uma reversão na tendência elevou esta taxa deixando o Brasil entre os países com os juros reais mais altos do mundo", garante.

Este cenário, ele continua, fez com que algumas empresas ficassem expostas a empréstimos em uma situação extremamente fragilizada, em alguns casos, inviabilizando a possibilidade de continuar pagando.

"A recuperação judicial então, em alguns destes casos, pode ser uma saída, uma forma de se oxigenar a operação, oferecendo uma possibilidade de se reverter este processo e visar uma retomada na operação", explica Sarkis.

Professor de finanças da ESPM, Cassius Otharan acredita que o rápido aumento da taxa de juros fez o custo do crédito pesar. Com isso, ele reforça, as empresas que já operavam alavancadas passaram a ter um custo de manutenção do nível de suas dívidas ainda maior.

"Dado que o dinheiro ficou mais caro de forma rápida, não houve tempo para que os negócios conseguissem gerar um crescimento proporcional de caixa. Logo, muitas empresas se depararam com patamares insustentáveis de compromissos financeiros e, não encontrando soluções tempestivas, pedir recuperação judicial passou a ser, além de uma opção, o último recurso", afirma.