Verdade. Essa é a palavra da vez na comunicação. Seja com o branded content, o storytelling ou na escolha da trilha sonora, a credibilidade ganha cada vez mais relevância na publicidade. Esse é um dos motivos que têm trazido o rap para diversas campanhas, aliado, claro, à crescente popularização do estilo musical, assim como às demais representações artísticas do movimento hip hop, como o grafite.

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“O rap, por característica, tem credibilidade. Os MCs têm uma integridade e eles prezam por uma carreira. Um dos fatores principais é que eles se posicionam. As marcas buscam uma verdade e conseguem quando têm esses caras como porta-vozes”, conta Serginho Rezende, diretor musical da Comando S Áudio.

A demanda pelo estilo já havia sido adiantada pelo executivo, que chamou o MC e beatmaker Rodrigo Tuchê para fazer parte do time da produtora. “A gente tem gravado muito aqui. Eu sinto muito essa demanda. Tem uma simpatia grande pelo rap”, diz Rezende.

Entre os trabalhos produzidos pela Comando S recentemente que “bebem” no rap está a campanha para o Banco do Brasil, que traz Thaíde como narrador. “Os rappers têm muito cuidado na carreira como um todo para não cair em contradição. Não é todo produto e toda campanha que eles topam fazer. Neste filme, Thaíde fala sobre o que é o brasileiro. O discurso dele tem a ver com o que ele sempre falou”, explica.

O rap nasceu como um estilo musical de protesto e, se a princípio pode parecer contraditório estar na publicidade defendendo marcas específicas, o estranhamento cai por terra quando se considera que os rappers se mantêm fiéis a seus discursos quando defendem esta ou aquela marca. “O consumidor em si não está mais nessa de comprar uma mentira. Os blogueiros mostram as vidas deles. O público busca muito esta verdade e os MCs têm muito isso porque, se soar mentiroso, acabam com a carreira deles”, afirma Rezende.

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Hoje o rap já está popularizado. “O rap virou pop. Saiu do gueto há vários anos. Você ouve esses caras e eles passam muita verdade. O Brasil carece de verdade. A gente vê essa corrupção, todo mundo está se sentido enganado. Nós temos de passar verdade, não adianta mentir com áudio”, afirma Lucas Duque, sócio e produtor musical da Sonido.

Uma das campanhas que mais chamaram a atenção usando o universo hip hop como pano de fundo recentemente foi #SonsdaConquista, criada pela nova/sb para a Caixa, com produção de áudio da Sonido e exibida no período dos Jogos Olímpicos. Apesar de não ser patrocinador do evento, o anunciante apoia atletas e por isso era importante ter uma ativação de peso. “Foi um marco. A campanha trouxe esse universo, tão rico não só musicalmente, para dentro da casa das pessoas”, diz Duque. Além dos filmes em câmera aberta, foram feitas animações que usavam a linguagem visual do grafite.

Outra marca que está apostando na popularidade do rap é a cerveja Itaipava. “Propaganda é contexto e tem entre seus desafios inserir as marcas na cultura popular. O rap, por sua vez, é um estilo musical argumentativo, ritmado, muito versátil e democrático, o que facilita o engajamento com o contexto das pessoas de uma forma mais real, menos produzida, mais pé no chão. Também vale destacar que tem uma similaridade, do ponto de vista de criação, o que facilita a coprodução”, explica Marcello Penna, VP de atendimento da Y&R.

A campanha Histórias de Verão, criada pela Y&R e com produção de áudio da A9, traz quatro filmes com rimas de Gabriel o Pensador. “Gabriel tem vários públicos. Os fãs vão de crianças até adultos com 40, 50 anos. Trazê-lo foi um acerto muito grande. Houve uma colaboração musical dele. Não teve isso de chegar apenas para filmar e fazer o mais rápido possível”, conta Apollo Nove, produtor e dono da A9 Áudio.

A Y&R também criou o projeto Corrente da Resistência para TNT Energy Drink, produzido pela Niche, núcleo de produção do Twitter. Em janeiro, estreou o minidoc estrelado Rico Dalasam, pioneiro do movimento “queer rap” no Brasil. “Os rappers são grandes contadores de histórias, o que tem tudo a ver com o nosso negócio hoje. São histórias de luta e resiliência, e o rap tem historicamente uma trajetória de quebra de tabus e barreiras, tanto na questão social, como no caso do Thaíde, quanto no combate à homofobia, que é o caso do Rico Dalasam”, conta Penna.

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A rapper Karol Conka anda em alta entre as marcas. Recentemente ela apareceu em uma ação de branded content da Nestlé, em que contracena com o time feminino de vôlei patrocinado pela marca. O clipe da música O Rolê É Nosso, composta pela rapper e com produção musical da dupla Tropkillaz, teve direção de cena de KondZilla, com criação e produção da Conspira+, núcleo de branded content da Conspiração. Karol também é a estrela da campanha de Mark, marca de maquiagem da Avon lançada recentemente. A produção de áudio é da Soup!