Para vender, tem que entender a cultura local, saber quem é o consumidor, chamou a atenção André Torreta, da Ponte Estratégia, no evento “Nordeste. A Bola da Vez”, realizado até domingo (03) na Bahia. “E cultura são experiências coletivas e individuais, que definem o que a gente é e o que a gente quer. Enfim, o que a gente compra”, falou.
Torreta acrescentou que, neste cenário, é necessário entender que o Nordeste é regionalizado, não globalizado. A população nordestina valoriza, por exemplo, o Faustão, mas também seus ídolos locais.
Continuando a dar exemplos característicos das peculiaridades da região, Torreta citou a Jeguada. “Acontece anualmente em Juazeiro e reúne 30 mil pessoas. Mas não tem patrocinador. Onde no mundo um evento reunindo 30 mil pessoas não teria patrocinador?”, falou.
Ele deu outro exemplo interessante de regionalização ao falar do São João em São Luiz do Maranhão. “Não adianta veicular propaganda na TV com forró, que é o ritmo do São João no resto do Brasil. Lá não é. Por isso, quem vê propaganda com forró em São Luiz na época das festas juninas, acha estanho”, colocou.
Mundialmente, grandes marcas já fazem ações focadas nas características específicas de determinadas regiões. “Na Argentina, a Pepsi não tinha um bom desempenho de vendas porque os argentinos não conseguiam pronunciar o nome do refrigerante. A Pepsi percebeu e trocou seu nome no país para Pecsi. Deu tão certo que seis meses depois ela também mudou o nome na Espanha, onde é chamada de Pesi”, contou.
Ele citou outro exemplo, do McDonald’s. “Eles criaram o hambúrguer vegetariano na Índia e o com cerveja na Alemanha. Tem que saber falar com a população local, regionalizar”, destacou.
Algumas marcas já olham o Nordeste de outra forma, justamente regionalizando suas ações. “A Nike lançou um tênis inspirado no Maracatu em Pernambuco, o Nike Lanceiro. A margarina Primor é mais salgada na região, mais amarela e não derrete com a mesma facilidade, cuidados tomados por conta do calor”, disse.
Torreta alertou para a grande concentração de ações de anunciantes na região nordestina no carnaval e a escassez das mesmas ao logo do ano. “Também temos março, abril, maio etc. Vinte mil marcas aparecem no Nordeste no carnaval e no resto do ano, nada. Isto tem que ser revisto”, concluiu.
Por Teresa Levin