Campanha criada pela David fomentava uma mensagem de respeito à comunidade LGBTQIA+/Divulgação

É sabido que todo grande anunciante tem por trás um departamento jurídico para avaliar os riscos e possíveis consequências de uma campanha antes de ela ir ao ar. Mas no caso de marcas mais ousadas e ‘politizadas’, como o Burger King, conhecido pela estratégia de hackvertising, o aparato é ainda maior.

Além de boa dose de criatividade, a rede de fast-food garante que conta com um jurídico ágil e muito alinhado com a área de marketing do anunciante, que coleciona prêmios nos principais festivais de propaganda do mundo.

“O jurídico, assim como o marketing, tem um papel fundamental no encontro perfeito entre responsabilidade e ousadia, contemplando todos os riscos das nossas escolhas, para garantia de resultados positivos com as nossas campanhas. E, mesmo depois que as iniciativas são divulgadas, o trabalho das áreas segue alinhado com o acompanhamento dos resultados, para que possamos, juntos, compreender a percepção dos consumidores sobre as mensagens e o desenvolvimento da ação”, diz Ariel Grunkraut, CMTO de vendas, marketing e tecnologia da BK Brasil, máster franqueada do Burger King e Popeyes no Brasil.

Segundo o executivo, o jurídico avalia todas as peças e textos, garantindo que essa etapa não trava a criatividade e nem as entregas. “Muito pelo contrário. Tendo o jurídico participando desde o início do processo criativo, conseguimos antecipar temas sensíveis, mensurar ameaças e até mesmo checar termos e palavras que serão usadas, com o objetivo de gerar identificação com os nossos consumidores. Alinhando os conceitos de um marketing responsável, por meio da integração e da comunicação direta entre as áreas, conseguimos desburocratizar processos e, com isso, colocar na rua as ações cada vez mais autênticas. Somos uma empresa que estimula a cultura criativa e disruptiva em nosso time, assumimos os riscos, tendo como objetivo nunca passarmos despercebidos. Mas nada disso seria possível se não tivéssemos um jurídico tão multidisciplinar e participativo”.

Ariel Grunkraut, CMTO da BK Brasil: “Trabalho das áreas é alinhado”/Divulgação

Fabio Chaves de Arruda Alves, vice-presidente jurídico da BK Brasil, reforça que as duas áreas atuam de forma sincronizada, com uma comunicação direta. “Esse é um grande diferencial para que trabalhemos em tempo real, mantendo um contato contínuo entre as equipes para desburocratizar processos e garantir assertividade com velocidade. Marketing e Jurídico caminham em tanta sintonia que, em alguns casos, as aprovações ocorrem até mesmo em tempo real, para que estejamos em linha com os assuntos em alta e conversando com os nossos consumidores a todo momento”.

No entanto, a rede já recebeu processos por causa de campanhas, como a Black Friday. “Por conta da mecânica e do volume de clientes, tivemos de pensar junto ao time jurídico novas iniciativas que garantissem a satisfação do consumidor e uma experiência positiva com a nossa marca. Buscamos em todas as nossas comunicações brincar com nós mesmos e reforçar o respeito pelo cliente e pela concorrência”.

Conhecido por defender causas e bandeiras, o Burger King não se intimida ao tocar em assuntos delicados. “Temas que muitas marcas podem achar delicados, nós enxergamos como oportunidades para reforçar as causas nas quais acreditamos. Uma dessas oportunidades foi o lançamento de Whopper em branco, quando, nas eleições presidenciais, as pesquisas mostravam uma porcentagem alta de votos em branco. Lançamos uma campanha com o objetivo de mostrar ao público a importância do voto”, lembra Ariel.

O executivo destaca que a marca busca sempre descontruir estereótipos sociais. “Um exemplo disso é que, há três anos, patrocinamos e apoiamos a Parada LGBTQIA+ de São Paulo por meio de diversas iniciativas. No último ano, lançamos a campanha Quem Lacra Não Lucra, fomentando uma mensagem de respeito à comunidade e mostrando que, muito mais do que lucrar, é essencial que as empresas contribuam na construção de uma sociedade inclusiva”.