Qual palavra define ESG (environmental social and governance)? Propósito e humanidade. Foi o que responderam, respectivamente, Vanessa Vilar, general management counsel Brazil na Unilever, e Grazielle Parenti, corporate relations global director na BRF.

As executivas participaram nesta quarta-feira (12) a nona live da série ‘Perspectivas – uma visão setorizada da inovação’, uma iniciativa da ABA (Associação Brasileira de Anunciantes) e do Grupo Croma.

De acordo com Edmar Bulla, CEO do Grupo Croma, o tema impacta mais do que todos os setores, ele trata de todas as vidas e do planeta Terra. “ESG reúne um conjunto de boas práticas para gerar impactos positivos para o meio ambiente, promover a inclusão social, diminuir ou eliminar as diferenças, e criar ou acompanhar políticas de governança capazes de estabelecer o que a gente chama de conformidade, ou como algumas pessoas preferem dizer: compliance”, explicou. “Mais do que modinha, ESG deve ser cada vez fortaleza de base para negócios e marcas. Não dá mais para ignorar a importância desse assunto não só para a sustentabilidade dos negócios mas para nossa própria sustentabilidade enquanto raça humana”, acrescentou.

Nona live da ABA tratou sobre ESG

A seguir acompanhe alguns comentários dos executivos de Unilever e BRF.

IMPACTO NO MERCADO
Vanessa Vilar, general management counsel Brazil na Unilever: “Hoje nenhum investidor e nenhum financeiro questiona é que todas as práticas de ESG se pagam, são boas para o negócio. Ainda que você não tenha nenhum valor ético, princípio, moral, se você pensar só no financeiro pelo financeiro vale a pena, então faça, porque no final do dia estamos falando da sustentabilidade das empresas. Tenho muito orgulho em falar da Unilever que começou o movimento há mais de 10 anos, temos o nosso plano de vida sustentável há mais de 10 anos e na época foi uma grande disrupção porque a grande preocupação sempre era com o retorno de curto prazo, o report do quarter, então tomamos uma posição muito firme de falar: estamos aqui pelo longo prazo e, para isso, precisa pensar na coletividade.”

Grazielle Parenti, corporate relations global director na BRF: “Pode até ser que o consumidor não pague, não tenha o premium price como a gente fala no mercado para o ESG, mas certamente será penalizada se não o fizer. E o tamanho desse dessa penalidade ela é imensurável.”

APOSTAS PARA O SEGUNDO SEMESTRE
Vanessa:
“A gente reaprendeu a fazer um negócio nesse tempo de pandemia. Houve uma colaboração muito mais intensa até por conta da necessidade de colaboração realmente dentro dos limites legais entre as empresas, entre empresas e governos, ONGs demais os próprios funcionários assumindo um papel ativo nesta colaboração também, fazendo para além das obrigações do dia a dia, do job description. Acho que o mundo ficou um pouco mais solidário e eu acredito pelo menos espero que este seja um movimento sem volta, que a gente possa trabalhar mais em cooperação, porque no final do dia todo mundo tem que ganhar. Temos que pensar como é que a gente aumenta esse bolo, como incluir mais gente tanto no mercado de trabalho quanto no acesso às demandas básicas. Acho que as empresas passaram a ter um olhar mais forte para isso.”

Grazi: “Um pouco nessa trilha vemos um fortalecimento do modo associativo, da colaboração. Nenhuma empresa vai sair sozinha dessa, nem a grande nem a pequena. O fortalecimento da atuação das associações de classe, se juntar para ir na mesma direção, apoiar a nossa cadeia, colaborar com o governo… Essa crise mostrou muito a importância do micro, do local, e como é que a gente atua na comunidade. Temos uma onda de doações e de apoios. Isso é uma coisa que talvez não seja feito exatamente do mesmo jeito no ano que vem, mas não dá para voltar porque há expectativa e inclusive o orgulho que isso gerou dentro dos nossos funcionários. Vejo uma atuação mais o local. Quais são os problemas que eles enfrentam? No nosso caso da indústria de alimentos, todo o setor de food service, bares restaurantes, sofreu muito. Como é que a gente faz com que eles abram? Como grandes empresas de alimentos e bebidas vão ajudar aquele pequeno barzinho e restaurante a abrir? Quais são as coisas que ele precisa? Vejo que as práticas de ESG se encaixam e como ser solidário não só do ponto de vista da filantropia.”

COMO ESTRUTURAR ESG NA EMPRESA
Grazi:
“Começamos de uma avaliação de riscos e dentro dela tem os riscos reputacionais. E quem lidera essa agenda reputacional é o CEO da organização, não é a área de estabilidade, não é a relação institucionais, esse negócio tem que estar permeado na liderança. É realmente vindo de cima para baixo e aí isso acontece de forma mais rápida. Outro ponto também a questão das empresas empresas listadas, existe expectativa com relação a isso. E também tem essa oitiva: escutar, escutar, escutar. Como buscar os públicos ouvi-los para avançar. E eu acho que tem que também colocar na perspectiva de que não vai virar ótimo amanhã, mas vamos fazer pelo menos o bom.”

Vanessa: “É uma preocupação do CEO, uma decisão do CEO, mas se as práticas de ESG, e aí falando não só obviamente de ambiental, social e reputacional, tem que fazer parte da estratégia da companhia para ser genuíno ou vai parecer oportunista. Tem que fazer parte da estratégia da organização para que cada um de todos os seus funcionários sinta-se que também essa é uma responsabilidade sua e de todos.”

Confira o bate-papo completo no canal do Grupo Croma.