Quem cruzou por algumas das principais vias de cidades como São Paulo se deparou com o seguinte alerta: “quem resgata animais na rua pode matar”. Essa foi apenas uma das peças de mobiliário urbano da nova campanha “Gente boa também mata”, criada pela nova/sb para o Ministério dos Transportes. Com menos de uma semana no ar, as peças causaram polêmica na internet, motivando o Governo Federal a dar explicações sobre a abordagem considerada como de “mau gosto” e “desrespeitosa”.

Reprodução/ Twitter

“O alerta que se faz é que não apenas o motorista estereotipado como ‘inconsequente’ provoca acidente. Mesmo que involuntariamente, qualquer cidadão pode causar acidentes graves e até mortes no trânsito com pequenas atitudes, como mandar um whatsapp enquanto conduz, desviar a atenção das ruas ao trocar a música no rádio ou fazer uma ultrapassagem em locais de risco, sem visibilidade ou em trecho com faixa continua. As mortes no trânsito estão entre as dez principais causas de óbitos no país”, declarou em nota oficial a Secretaria Especial de Comunicação da Presidência da República (Secom).

Desde que as peças começaram a circular, uma avalanche de críticas surgiram nas redes sociais, acendendo o sinal vermelho no Planalto. A página oficial do Ministério dos Transportes no Facebook recebeu inúmeras reclamações, apesar de não ter reproduzido as peças da campanha. Todas as críticas estão sendo respondidas com a seguinte mensagem padrão:

“A campanha ‘Gente boa também mata’ foi concebida e aprovada pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República – Secom. Aborda acidentes de trânsito causados a partir das cinco condutas mais perigosas: embriaguez ao volante, excesso de velocidade, ultrapassagens irregulares, uso de aparelho celular e não uso de dispositivos de segurança. O governo federal quer mobilizar a sociedade pela segurança no trânsito, além de prevenir e diminuir o número de acidentes no período de grande movimento nas estradas. Estamos cientes de que há interpretações negativas, e estamos em conversação para dar o melhor encaminhamento possível”.

Reprodução/ Facebook

Além da repercussão negativa, diversos memes também foram criados. A própria Secretaria Municipal de São Paulo “pegou carona” no debate para publicar peça que incentiva a adoção de animais. “Quem resgata animais na rua pode adotar”. Há quem aproveitou o momento para fazer críticas ao governo de Michel Temer, utilizando o presidente como personagem de peças com mensagens como “Quem não deixa pobre se aposentar mata gente todo dia”.

Ainda segundo nota oficial da Secom, a ideia era alertar a população sobre atitudes de pessoas que não compõem grupos de risco no trânsito, mas que sem avaliar as consequências, podem causar acidentes e até mortes. O Planalto explicou ainda que a campanha é dividida em linhas de comunicação por etapas e que a primeira, o objetivo é “chocar e chamar atenção para as práticas que geram acidentes involuntários por pessoas que não tem perfil de risco. Em sua segunda fase, a campanha explica de forma mais didática os cuidados para se evitar os problemas ao conduzir veículo automotor”.

Nesta quarta-feira, o  deputado federal Ricardo Tripoli, coordenador da Frente Ambientalista do Congresso Nacional, comentou em seu perfil no Twitter que o Ministério dos Transportes  teria cancelado a campanha, informação não confirmada pela Secom. O Planalto salientou apenas que  a ação continua, só que agora, entra em nova fase, com “adaptações em algumas peças”.

 

Texto atualizado às 12h05.