Enquanto a nau Brasil fica à deriva, com um seleto grupo de pessoas físicas e jurídicas se beneficiando da crise político-econômica que nos atinge em cheio, a população assiste indignada à incapacidade das nossas lideranças de se unirem para evitar o pior.
De há muito o tamanho das nossas dificuldades deixou de ser uma questão apenas partidária, ou relativa tão somente à corrupção nas esferas públicas do país.
Estamos vivendo dias difíceis, que apontam por enquanto para o nada e por isso mesmo tendem a piorar a cada amanhecer.
O sentimento de pasmaceira, que tomou conta da população brasileira, tem congelado na fonte qualquer tentativa de se ir em busca de uma solução que evite a progressão, em escala geométrica, do mal que nos assola.
Sofremos de várias doenças graves ao mesmo tempo e o combate a elas tem sido ineficaz porque as lideranças não se entendem entre si, mesmo aquelas que pertencem à mesma corporação partidária, empresarial, sindical, ideológica e por aí afora.
O Brasil virou uma Torre de Babel, onde todos falam – como na casa onde falta pão – e ninguém parece ter razão.
Daí a necessidade de um pacto de união nacional, como se estivéssemos à beira de um conflito com outro país querendo nos invadir.
A ordem é deixar de lado as divergências paroquiais e promover um enunciado em busca da salvação geral, antes que seja tarde demais.
E já está ficando tarde. Estamos descendo ladeira abaixo no mínimo desde o início de 2014, cuja pauta previa a reeleição da atual presidente da República, que se propôs a fazer o diabo para atingir esse objetivo.
Os partidos de oposição, por seu turno, fechando os olhos para a grave crise institucional que já tomava conta do país, preferiram colocar seus interesses acima de tudo, ignorando as nuvens negras formadas no horizonte, prestes a desabar sobre a nação.
Faltou visão de futuro a cada player desse jogo que, agora, quando o futuro chegou, só apresenta perdedores, inclusive e principalmente quem ainda nos governa, que dormem a cada noite – se é que conseguem – sem saber como acordarão (ou serão acordados).
O que se deve fazer, enquanto é tempo, é incentivar uma luta em prol de uma solução no curto prazo que não produza vencidos nem vencedores. Pode parecer um sonho, ou até mesmo um delírio, mas nada é impossível quando a boa vontade impera.
Para isso, os espíritos têm que se desarmar, os mais sábios de cada um dos muitos lados de força em que o país está dividido, formem uma única corrente em busca de soluções que salvem a pátria brasileira.
Quem se lembra do movimento em prol das Diretas, já!, há que se recordar de que havia um inimigo comum a ser combatido, travestido de ditadura militar da qual todos estavam fartos. Para derrubá-la, porém, necessária se tornava a união de todas as correntes políticas e do pensamento nacional, caso contrário o objetivo maior não seria atingido.
E foi dentro dessa ideia de redenção nacional que a nação se uniu, convencendo os próprios adeptos do velho regime de que sua hora de se despedir chegara.
Não foi fácil, mas foi possível. O Brasil conseguiu se unir e pôr um ponto final no ciclo militar que já durava vinte anos.
Por que essa mesma união não pode ser tentada novamente, quando inclusive os diversos lados políticos da pátria não têm canhões e podem batalhar exclusivamente através da força do seu pensamento e disposição para o diálogo?
Sendo o propmark um jornal há 50 anos dirigido ao vasto e influente mercado da comunicação do marketing, é bem possível que lideranças do meio, preocupadas como todos os brasileiros com o cenário que vivemos e que não sabemos qual será no próximo mês ou semana, tenham sua sensibilidade e poder de iniciativa aguçados por estas reflexões – na verdade colhidas no dia a dia do nosso trabalho jornalístico e que representam praticamente uma unanimidade no ambiente do marketing – e se proponham a abraçar a ideia de uma grande campanha de contribuição à causa da pátria.
Quem está acostumado e vive de criar e desenvolver campanhas para seus clientes anunciantes, não se furtará a trabalhar em busca de ideias e soluções que contribuam para tirar o país dessa enrascada em que estamos.
*Diretor-presidente da Editora Referência, que edita o jornal propmark e as revistas Propaganda e Marketing